BNDES financia tratores para fazendeiros que desmatam a Amazônia. Cinco fazendeiros que têm embargos do Ibama em suas propriedades foram beneficiados
Fazendeiros flagrados pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) desmatando a Amazônia conseguiram empréstimos com dinheiro público a juros subsidiados para comprar tratores e outras máquinas agrícolas, apesar de seu histórico de reiteradas infrações ambientais. Os empréstimos aos fazendeiros foram concedidos pelo BNDES e operados pelo banco John Deere, que é o braço financeiro da fabricante de máquinas que o controla e que vendeu os tratores.
As informações são de matéria do Repórter Brasil, publicada nesta segunda-feira (14) no portal Uol, com apuração de Andressa Santa Cruz, Naira Hofmeister e Pedro Papini. “Ao todo, BNDES e John Deere financiaram R$ 28,6 milhões em maquinário para cinco produtores com embargos em seu nome emitidos pelo Ibama por desmatamento”, afirma a reportagem.
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Uma resolução do Banco Central veda a concessão de crédito rural para propriedades na Amazônia sobre as quais recaem embargos, mas não impõe restrições para que os donos dessas áreas obtenham empréstimos para outras fazendas. Porém, entre os casos levantados pela reportagem, há empréstimos destinados a locais onde o produtor possui apenas uma propriedade — e embargada.
O mapeamento feito pela Repórter Brasil, com base na plataforma de dados Florestas e Finanças, mostra ainda financiamentos para produtores que deram um calote no Ibama.
Ao todo, 11 fazendeiros que compraram máquinas John Deere acumulam um total de R$ 31,4 milhões em multas ambientais nunca pagas — o montante total dos empréstimos do BNDES, R$ 39,7 milhões, daria para quitar as dívidas com sobra.
“É dinheiro dos contribuintes para o agronegócio que está desmatando”, critica Philip Fearnside, cientista do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia e vencedor do Nobel da Paz com a equipe do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas (IPCC) em 2007.
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O BNDES informou que exige dos tomadores de crédito “declarações em que se ateste a inexistência de infrações de natureza ambiental” e que, em contratos na modalidade indireta automática, como é o caso, a responsabilidade de verificar “o atendimento de tais exigências” é do banco parceiro, no caso o John Deere.
Confira a íntegra da reportagem
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