Moisés Mendes*, em seu blog
A grande imprensa brasileira se acovardou diante do mais importante fato político e militar criado aqui pelo conflito entre Rússia e Ucrânia.
O título das reportagens sobre o embate entre Bolsonaro e Mourão seria o mais óbvio:
Guerra divide o governo e provoca racha entre os militares.
Mas os jornais se encolheram e tratam mal inclusive o constrangimento na área diplomática, como se fosse uma questão pontual.
É uma questão de fundo, grave, que envolve diplomatas e o pensamento militar.
Ninguém imagina que Mourão esteja falando só por ele mesmo. Nem o mais ingênuo dos analistas políticos pode acreditar que a posição de Mourão seja apenas uma opinião pessoal.
Mourão fala, como sempre falou (e por isso foi escolhido vice de Bolsonaro), em nome do pensamento médio e hegemônico no meio militar.
Dizer que Bolsonaro e Mourão, e apenas eles, têm opiniões divergentes é de uma ingenuidade monarkiana.
A guerra de Putin expõe ainda mais a confusão que comanda a cabeça de tenente de Bolsonaro e o confronta com a lógica militar clássica de um general.
Saiba mais: Rússia já se diz pronta para negociar rendição da Ucrânia
Não se trata aqui de saber quem está certo ou errado, até porque esse é um debate interminável.
Bolsonaro e Mourão não falam sozinhos. E qualquer analista de questões militares e suas implicações políticas sabe que Bolsonaro hoje está muito mais só do que Mourão.
*Moisés Mendes é jornalista em Porto Alegre. Foi colunista e editor especial de Zero Hora. Escreve também para os jornais Extra Classe, Jornalistas pela Democracia e Brasil 247. É autor do livro de crônicas ‘Todos querem ser Mujica’ (Editora Diadorim).
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