Mario Frias justificou que foi para uma reunião 'urgente' em Nova York com um lutador apoiador de Jair Bolsonaro. Na edição do JN, Bonner comentou: "Por que a reunião não foi online, como o planeta inteiro está fazendo na pandemia?". Viagem do secretário custou 13 vezes o teto da Rouanet a cachês de artistas
O Jornal Nacional abordou na edição de quinta-feira (10) a viagem de Mario Frias para Nova York com dinheiro público. Segundo dados do Portal da Transparência, o secretário do governo Bolsonaro gastou R$ 39 mil para encontrar Renzo Gracie, um lutador de jiu-jitsu apoiador do atual presidente.
A viagem, considerada “urgente” pelo governo, aconteceu para que o secretário discutisse “um projeto cultural envolvendo produção audiovisual, cultura e esporte”. Renata Vasconcellos, do JN, destacou que não se sabe o motivo de tal urgência. “Nem por que a reunião não foi online, como o planeta inteiro começou a fazer na pandemia”, complementou Bonner.
Apesar de os valores estarem disponíveis no Portal de Transparência, que pertence ao governo federal, Frias criticou a “falta de ética” dos jornalistas e afirmou não ter gasto esse dinheiro todo na viagem.
Na última terça-feira (8), o governo oficializou o limite de cachês de artistas pela Lei Rouanet a R$ 3.000. Uma única viagem de Mario Frias, portanto, custou 13 vezes o teto da Rouanet aos cofres públicos.
Frias foi para os Estados Unidos acompanhado de seu secretário-adjunto, Hélio Ferraz de Oliveira, que gastou outros R$ 39 mil. Ao todo, a viagem dos dois saiu por cerca de R$ 78 mil, segundo o Portal da Transparência, ou seja, 26 vezes o teto da Rouanet. Deste montante, R$ 24 mil foram em diárias — R$ 12 mil para cada.
Renzo Gracie, estrela da luta internacional da família de mesmo nome, acaba de ser biografado pelo ex-secretário federal da Cultura, Roberto Alvim, demitido por fazer um vídeo em que faz apologia do nazismo.
No governo Lula, ministro caiu por compra de tapioca
Internautas lembraram os ‘pesos e medidas’ da grande mídia diante de incidentes provocados por governos. Na gestão Lula, qualquer fagulha desencadeava linchamentos virtuais na imprensa que só cessavam quando alguém tinha sua reputação completamente manchada.
Em 2008, o então ministro dos Esportes Orlando Silva caiu por conta de uma compra de tapioca a R$ 8,50 no cartão corporativo. O episódio motivou a aberta da CPI dos Cartões Corporativos.