Ex-procurador da Ucrânia se diz comovido por ver "pessoas europeias com cabelos loiros e olhos azuis sendo mortas" na guerra
A parcialidade da cobertura da imprensa ocidental sobre a guerra entre Rússia e Ucrânia está rendendo comentários racistas e omitindo diversos episódios de opressão.
Em entrevista à BBC, o ex-procurador-geral adjunto da Ucrânia, David Sakvarelidze se disse comovido por brancos de cabelo loiro serem mortos numa guerra.
“É muito emocionante para mim porque vejo europeus com cabelos loiros e olhos azuis sendo mortos todos os dias com mísseis de Putin, seus helicópteros e seus foguetes”, afirmou.
Já no domingo (27), o apresentador inglês da Al Jazeera, Peter Dobbie, descreveu os ucranianos que fogem da guerra como “pessoas prósperas de classe média” que “não são obviamente refugiados tentando fugir de áreas do Oriente Médio que ainda estão em grande estado de guerra; essas não são pessoas tentando fugir de áreas do norte da África, elas se parecem com qualquer família europeia com a qual você moraria ao lado”.
A rede, em seguida, emitiu um pedido de desculpas, dizendo que os comentários “eram inapropriados, insensíveis e irresponsáveis”. “Essa violação desse profissionalismo será tratada por meio de medidas disciplinares”, afirmou o canal em comunicado, publicado nas redes sociais.
O jornalista britânico Daniel Hannan foi criticado on-line por um artigo no The Telegraph, no qual escreveu que a guerra não acontece mais em “populações empobrecidas e remotas”. “Eles parecem tanto com a gente. Isso é o que faz ser tão chocante. A Ucrânia é um país europeu. Sua população assiste Netflix e tem contas no Instagram”, diz Hannan.
Veículos de imprensa brasileiros também cometem muitos equívocos na cobertura. O Jornal Nacional, da TV Globo, errou ao exibir vídeo de um tanque atropelando um carro nas ruas de Kiev, informando tratar-se de “um tanque russo passando por cima de um carro de maneira deliberada”. Entretanto, horas depois, se confirmou que o blindado era ucraniano e o caso foi tratado como “acidente” no país de origem.
SAIBA MAIS: