Empresa rompe com Flow Podcast após fala de Monark sobre nazismo. Apresentador declarou que apoia a existência de um partido nazista e avaliou ser razoável ser "anti-judeu"
A empresa Flash Benefícios comunicou ao Pragmatismo que decidiu romper com os Estúdios Flow, responsáveis pelo Flow Podcast, após falas antissemitas do apresentador Monark.
Monark afirmou que apoiava a criação de um partido nazista e avaliou que não há problemas em ser “anti-judeu”. A fala foi rebatida pela deputada Tabata Amaral (PSB-SP), que participava do programa.
“Não há sociedade livre quando há intolerância ou busca de legitimação de discursos odiosos, nazistas e racistas, tecidos a partir de uma suposta liberdade de expressão”, declarou o representante da Flash Benefícios.
Além da Flash, outra patrocinadora do programa é a loja de roupas Insider Store. Nas redes sociais, a empresa apagou comentários que criticavam o patrocínio ao Flow e afirmou que aguarda uma retração do Flow e de Monark.
“Não concordamos nem um pouco com a opinião do Monark. Principalmente no direito de existir um partido nazista. Ele leva o pensamento libertário ao extremo e isso não faz o menor sentido. Inclusive um dos fundadores da Insider é judeu. Estamos aguardando a retratação do Flow e Monark em relação a esse evento”, comunicou um porta-voz da Insider.
Entenda o caso
O apresentador Monark, do Flow Podcast, defendeu durante o programa na noite desta segunda-feira (7) a existência de um partido nazista no Brasil. Em conversa com os deputados federais Tabata Amaral (PSB-SP) e Kim Kataguiri (Podemos-SP), Monark começou dizendo que a “esquerda radical tem muito mais espaço do que a direita radical” e, na sua opinião, “as duas tinham que ter espaço”.
“Eu sou mais louco do que vocês. Eu acho que tinha que ter partido nazista reconhecido pela lei”, afirmou. A deputada, então, o interrompe e lembra: “Liberdade de expressão termina onde a sua expressão coloca a vida do outro em risco. O nazismo é contra a população judaica. Isso coloca uma população inteira em risco.”
Monark insiste e diz que “se um cara quisesse ser anti-judeu, eu acho que ele tinha o direito de ser”. E pergunta: “Você vai matar quem é anti-judeu? […] Ele não está sendo anti-vida, ele não gosta dos ideais [dos judeus]”. Tabata Amaral explica que o judaísmo não é um sistema de ideais. “O judaísmo é uma identidade, uma religião, uma raça.”
Kim Kataguiri, do MBL, saiu em defesa de Monark durante a discussão e ajudou a reforçar a ideia de ‘vale tudo’ em defesa de uma suposta ‘liberdade de expressão’.
A declaração de Monark causou indignação e revolta nas redes sociais. Algumas entidades judaicas já se pronunciaram e afirmaram que “ideologias que visam a eliminação de outros têm que ser proibidas”.
A cantora Teresa Cristina disse que “privilégio branco é defender a existência do nazismo em uma plataforma com milhões de seguidores, não perder patrocinadores e não sair algemado dali.”
O deputado federal Alexandre Padilha afirmou que o posicionamento de Monark “é tão problemático que chega a ser difícil acreditar que alguém teve coragem de falar tamanho absurdo”.
Confira a nota da Flash Benefícios:
Diante do absurdo, é preciso se posicionar. No último dia 07 de fevereiro, durante a exibição do episódio 545 do Flow Podcast, um dos apresentadores fez comentários inadmissíveis e dos quais discordamos de forma veemente. Diante disso, solicitamos o encerramento formal e imediato de nossa relação contratual com os Estúdios Flow.
A Flash Benefícios acredita em uma sociedade igualitária, sem qualquer tipo de discriminação. Não há sociedade livre quando há intolerância ou busca de legitimação de discursos odiosos, nazistas e racistas, tecidos a partir de uma suposta liberdade de expressão. Reforçamos que todo e qualquer tipo de opinião jamais pode ferir, ignorar ou questionar a existência de alguém ou de um grupo da sociedade.
Acreditamos que liberdade de expressão, diálogo, pluralidade, e até mesmo a individualidade, só existem em uma sociedade onde há respeito mútuo. Qualquer atitude que fere e subjuga a existência de qualquer ser humano é crime e deve ser encarada como tal.
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ATUALIZAÇÃO: Após a divulgação desta matéria, a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro anunciou que também rompeu o contrato com o programa comandado por Monark. Confira o posicionamento:
“A FFERJ, defensora da igualdade, do respeito e contrária a qualquer tipo de preconceito, anuncia o rompimento do contrato com o Estúdios Flow, responsável pelo podcast Flow Sport Club, que transmitia jogos do Campeonato Carioca de 2022, por apologia ao nazismo, regime cujos crimes contra a humanidade até os dias de hoje causam horror a qualquer um que preze pela vida”