Chefe do sistema hospitalar de Paris sugere que pacientes não vacinados contra a Covid devem pagar pelo tratamento do próprio bolso. No sistema de saúde da França, todos os pacientes que vão para a UTI têm cobertura total, cujo preço é de cerca de R$ 18 mil por dia
O chefe do sistema hospitalar de Paris, Martin Hirsch, acendeu um debate acirrado na França ao questionar se as pessoas que se recusam a receber a vacina contra a Covid-19 devem continuar a ter seu tratamento pago pelo seguro de saúde público.
Dentro do sistema de saúde da França, todos os pacientes que vão para a terapia intensiva têm cobertura total para seu tratamento, cujo preço é de cerca de 3 mil euros (cerca de 18 mil reais) por dia e normalmente dura de uma semana a 10 dias.
“Quando medicamentos gratuitos e eficientes estão disponíveis… As pessoas deveriam poder renunciar a eles sem consequências, enquanto lutamos para cuidar de outros pacientes?“, disse Hirschi, na última quarta-feira (26), a uma rede de televisão francesa.
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Segundo o médico, ele teria levantado o assunto porque os custos de saúde estão aumentando muito rápido, e o comportamento irresponsável de alguns não deve comprometer a disponibilidade do sistema para o resto do público.
Vários profissionais de saúde franceses rejeitaram a ideia, e alguns políticos de direita pediram a demissão de Hirsch. A prefeita de Paris, Anne Hidalgo, a candidata socialista nas eleições presidenciais de abril, também afirmou discordar de sua proposta. No Twitter da França, uma hashtag pedindo a demissão do médico ficou entre os assuntos mais comentados.
A declaração de Hirsch não foi repercutida pelo ministro da Saúde, Olivier Veran. Contudo, a deputada do partido LREM do presidente Emmanuel Macron, Olga Givernet, disse ontem que “a questão levantada pela comunidade médica não pode ser ignorada”.
O parlamentar do Les Republicains, Sebastien Huyghe – cujo projeto para obrigar os não vacinados a pagarem parte de seus custos médicos foi rejeitado pelo parlamento – disse que a ideia não era rejeitar os não vacinados das enfermarias de terapia intensiva, mas fazê-los pagar uma contribuição mínima para o custo de seus cuidados.
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A proposta seria semelhante à do governo de Singapura, uma cidade-estado com uma das maiores taxas de infecção por Covid-19 do mundo, onde as pessoas que recusam tomar a vacina devem pagar por seu tratamento médico.
Uma pesquisa realizada em meados de janeiro na França mostrou que 51% dos franceses consideravam justo que as pessoas não vacinadas paguem parte ou toda a conta caso precisem de terapia intensiva. Ainda neste mês, Macron declarou que sua estratégia seria a de “encher o saco” dos que não quisessem se imunizar.
Gazeta do Povo
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