Médico brasileiro acorrentou homem negro pelos pés, mãos e pescoço e afirmou: "Vai ficar na minha senzala". Após a repercussão do vídeo, ele justificou que estava apenas "brincando" e fechou suas contas nas redes sociais
O médico Márcio Antônio Souza Júnior tentou se justificar após a repercussão de um vídeo em que ele aparece acorrentando um homem negro pelos pés, mãos e pescoço e afirmando “vai ficar na minha senzala”.
De família tradicional e conhecido em Goiás como Doutor Marcim, ele afirmou que tudo não passou de uma “zoeira”. “Aí, ó, falei para ele estudar, mas ele não quer. Então, vai ficar na minha senzala”, diz o médico na filmagem. O profissional de saúde fechou suas contas nas redes sociais.
Em outro trecho do vídeo, o médico gargalha e diz: “Tenta fugir”. O homem acorrentado responde: “Tem como não”. Depois, Márcio Antônio complementa: “Pode ir embora”. E o homem, cuja identidade não foi divulgada, retruca: “Vai, mas demora”.
A gravação, segundo a Polícia Civil de Goiás (PCGO), foi publicada por ele no Instagram, na terça-feira (15/2), e apagada em seguida. As imagens teriam sido registradas em uma instituição de ensino, chamada Escola Municipal Holanda, na zona rural da cidade.
Seguidores do médico gravaram a tela do celular para salvar a publicação, e o caso logo chegou ao conhecimento da polícia local. O delegado Gustavo Cabral está à frente da investigação. O homem que aparece acorrentado no vídeo disse, em depoimento, que trabalha para o médico há três meses.
Em relação ao médico, o delegado informou que ainda não havia conseguido intimá-lo até o início desta tarde. O delegado chegou a falar com familiares do investigado, mas não o localizou no endereço residencial. Ele acredita que será possível interrogar o médico até esta quinta-feira (17/2).
A prefeitura da cidade de Goiás (antiga capital do estado), por meio da Secretaria Municipal das Mulheres, Juventude, Igualdade Racial e Direitos Humanos, emitiu uma nota de repúdio sobre o ocorrido.
“O ato divulgado, sem explicação aceitável, causa profunda repulsa e deve ser objeto de investigação e apuração pela autoridade policial competente, para uma célere instrução e responsabilização nos termos da lei. Dessa forma, a prefeitura municipal informa que acompanhará atentamente os desdobramentos da investigação e tomará as medidas de sua competência”, informa o texto.