Mulher era mantida em cativeiro pelo filho e furada com anzol de pesca
Idosa era xingada, humilhada e torturada pelo próprio filho, que tinha o objetivo de expulsá-la da casa e tomar conta da propriedade
Um homem de 28 anos foi preso por maus-tratos e torturas contra a própria mãe, uma idosa de 70 anos. O suspeito, identificado como Walefy Thalles de Souza Mota, agredia, xingava e chegou a espalhar anzóis de pesca e agulhas pela cama da mulher para torturá-la. Após denúncia feita pela família, o rapaz foi preso pelos policiais da 13ª Delegacia de Polícia (Sobradinho), no Distrito Federal, na terça-feira (15).
“Constatou-se que ele torturava a mãe para colocá-la para fora de casa. Ele a machucava, jogava fora os alimentos e chegou a colocar anzóis na cama para que ela se ferisse, considerando que ela não enxergava bem”, disse o delegado Hudson Maldonado.
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De acordo com a Polícia Civil (PCDF), as agressões chegaram ao conhecimento da família em 17 de janeiro. O homem chegou a ser retirado de casa pelos parentes. Ele foi morar na casa da prima, que acabou sendo ameaçada por ele. A mulher pediu medidas protetivas à Justiça, mas o acusado deixou de cumpri-las, passando, novamente, a proferir ameaças contra a prima, resultando na prisão em flagrante do rapaz.
Surto
De acordo com a prima do acusado, que não quis se identificar, ele foi diagnosticado com esquizofrenia e está em surto. “Ele apresenta esse quadro desde os 8 anos de idade. Nesse período teve muitas internações quando surtava, mas voltava para casa. Dessa última vez ele prendeu minha tia em casa, que é bem debilitada e em virtude da diabetes, perdeu a visão”, contou.
A família acredita que a mulher chegou a ser dopada pelo rapaz com os medicamentos que ela usava para controlar a doença. “Ela ficou dois dias dopada, deitada sob esses anzóis e isso lesionou bastante ela. Ele havia sumido com toda comida da casa. Tudo que tinha de comida ele tirou. Ela ficou dois dias sem comer. Se a gente não tivesse tomado ciência, ela teria morrido dentro da casa”, relatou. Os parentes ficaram sabendo das agressões por meio de uma vizinha, que acionou a família.
Segundo a prima de Walefy, hoje os familiares buscam uma internação para o rapaz, uma vez que solto, ele apresenta perigo para os outros e para ele mesmo. “Ele fica perambulando pelas ruas, completamente surtado. O caso dele é de tratamento, é por isso que estamos lutando. O caso dele não é uma prisão comum”, completou a mulher.
Walefy está preso na carceragem do Departamento de Polícia Especializada (DPE). O suspeito deverá passar por audiência de custódia nesta quarta-feira (16). Ele deve ser indiciado pelos crimes de tortura contra idoso, tortura e lesão corpo contra idoso, ameaça e descumprimento de medidas protetivas. Se condenado ele pode pegar entre 5 e 15 anos de prisão.
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O delegado Hudson Maldonado esclareceu que o juiz poderá determinar um exame de sanidade mental. “Se constatada a psicopatologia, de qualquer espécie, o juiz poderá, em vez de determinar a prisão, ordenar a internação em estabelecimento psiquiátrico, o que poderá perdurar por até 30 anos. Essa medida é chamada pela lei de Medida de Segurança”.
Renata Nagashima, Correio Braziliense