Pesquisa mostra que 22% acreditaram que Bolsonaro evitou guerra entre Rússia e Ucrânia
Levantamento mostra que 22% acreditaram que Rússia havia recuado tropas a pedido de Bolsonaro. Essas mesmas pessoas amanheceram hoje confusas com início da guerra na Ucrânia. Ministro do Turismo chegou a justificar nesta quinta que "Putin não ouviu mensagem de paz de Bolsonaro"
Um levantamento realizado pelo instituto Quaest mostrou que 22% acreditaram na falsa notícia de que a Rússia havia recuado suas tropas a pedido de Jair Bolsonaro (PL). A narrativa foi disseminada não apenas por ministros do governo, mas também pelo próprio presidente brasileiro. Para 78%, porém, Bolsonaro não exerceu influência nenhuma.
A notícia mentirosa começou a circular no período em que Bolsonaro visitou a Rússia e foi espalhada por membros do alto escalão do governo. O próprio Bolsonaro reforçou a fake news durante entrevistas: “Mantivemos a nossa agenda e, coincidência ou não, parte das tropas deixou as fronteiras. Ao que tudo indica, a grande sinalização é que o caminho para a solução pacífica se apresenta no momento para Rússia e Ucrânia”, disse.
Na manhã desta quinta-feira (24), as mesmas pessoas que acreditaram na fake news estavam confusas. “Aconteceu alguma coisa para o Putin ter voltado atrás e decidido invadir a Ucrânia”, lamentou um blogueiro bolsonarista que gerencia uma das páginas mais agitadas de apoio ao presidente brasileiro nas redes.
O Ministro do Turismo, que havia sido um dos entusiastas da ideia do ‘Bolsonaro pacificador’, foi questionado hoje a respeito do conflito no leste europeu. Gilson Machado agora alega que Putin “não ouviu a mensagem de paz” levada pelo mandatário brasileiro. “Que ele levou uma mensagem de paz, ele levou. Mas depende do Putin se vai ouvir ou não”, afirmou.
Segundo o cientista político e diretor da Quaest, Felipe Nunes, o levantamento mostrou que a ideia de que Bolsonaro havia apaziguado a situação na fronteira se espalhou fortemente na bolha bolsonarista.
“O percentual de pessoas comentando o assunto e que defendem essa ideia é similar ao percentual de avaliação positiva que o presidente tem hoje nas pesquisas de opinião publicadas. O que sugere que a mesma proporção de eleitores que gostam do governo está disposta a acreditar em tudo o que esteja relacionado positivamente a ele, mesmo que se trate da mentira mais absurda”, explica.
Em cima do muro
O presidente Jair Bolsonaro (PL) discursou por 20 minutos em um evento nesta quinta-feira (24), mas não se manifestou sobre a invasão russa à Ucrânia. A fala aconteceu em São José do Rio Preto durante a inauguração de um complexo viário na BR-153.
Mais cedo, o presidente conversou com apoiadores na frente do Palácio da Alvorada, em Brasília, mas também não citou o conflito no leste europeu.
O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou que o Brasil é contra a invasão russa ao território da Ucrânia. A declaração foi dada na manhã desta quinta-feira (24).
“O Brasil não está neutro. O Brasil deixou muito claro que ele respeita a soberania da Ucrânia. Então, o Brasil não concorda com uma invasão do território ucraniano. Isso é uma realidade”, disse Mourão, ao chegar ao Palácio do Planalto.
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