Pai conta que filha e sobrinha morreram ao filmar chuva em Petrópolis: “Se elas entrassem para casa, não tinha acontecido isso. Elas ficaram filmando, foi quando desceu a avalanche”. Número de desaparecidos dobra e vai a 218
Márcio Luis Ferreira dos Santos, de 45 anos, perdeu a filha e a sobrinha na tragédia que arrasou Petrópolis (RJ) e chocou o Brasil na última terça-feira (15). Taylane de Souza dos Santos e Ana Clara Schwartz da Fonseca, ambas de 13 anos, filmavam o temporal quando foram atingidas por uma avalanche de lama.
Enquanto aguardava a liberação dos corpos das meninas no Instituto Médico Legal, Marcio disse, aos prantos, que ambas sonhavam em ser modelo. “Nós morávamos na parte de baixo, do lado de uma cachoeira. A chuva concentrou tudo ali naquele pedaço. Quando aliviou um pouco, fui pra casa, e a chuva aumentou de novo. Começou a desabar tudo lá em cima”, contou.
Marcio conta que Taylane, Ana Clara e outras pessoas tentavam se abrigar no momento da chuva, saindo de outra casa no mesmo terreno. “A enxurrada abriu caminho e veio em direção do nosso quintal. A minha filha estava na casa do tio dela, veio para cá com a minha sobrinha. Eu fui buscar os documentos e a avalanche veio, não deu tempo de elas saírem.”
Segundo Marcio, a filha e a sobrinha ficaram filmando a enxurrada quando foram levadas. “Se elas entrassem para casa, não tinha acontecido isso. Elas ficaram filmando a cachoeira, foi quando desceu a avalanche”, relatou o autônomo de 45 anos.
As meninas filmavam a enxurrada que jorrava no terreno de cinco casas da família. A lama encontrou passagem no quintal da propriedade quando uma barreira caiu e vedou o curso natural da cachoeira. “Mamãe, cadê a Tatá? Morreu?”, pergunta à mãe a irmã mais nova, de dois anos.
Assim como Tayane e Ana Clara, mulheres são a maioria das ao menos 126 vítimas confirmadas até agora do temporal. Até o início da tarde desta sexta-feira, as autoridades afirmara que há pelo menos 218 desaparecidos.