Polícia do Canadá faz operação contra manifestantes antivacina
Parlamento do país foi fechado por razões de segurança; ruas do centro da capital foram ocupadas por caminhoneiros contrários ao passaporte sanitário
RFI
A polícia canadense lançou nesta sexta-feira (18) uma grande operação para desbloquear as ruas da capital Ottawa, paralisada há quase três semanas pela presença de manifestantes contrários às medidas sanitárias para conter a pandemia de covid-19.
“Há uma grande presença policial na Nicholas Street (perto do Parlamento), os manifestantes são aconselhados a sair imediatamente”, tuitou o chefe do departamento de polícia da capital federal, especificando que “alguns manifestantes estão se rendendo e sendo imediatamente presos”.
O Parlamento do Canadá está excepcionalmente fechado nesta sexta-feira por razões de segurança, enquanto os agentes tentam liberar as ruas do centro de Ottawa, ocupadas por caminhoneiros contrários ao passaporte sanitário. “Estamos prontos para agir e expulsar os manifestantes ilegais das nossas ruas“, explicou Steve Bell, chefe interino da polícia de Ottawa falando de uma intervenção “iminente”.
Esta é a primeira vez desde o início dos protestos, que começaram no fim de janeiro e acontecem principalmente no entorno do Parlamento, que os deputados são obrigados a suspender os trabalhos. “Se você ainda não está presente nas instalações da Câmara dos Comuns, fique longe do centro da cidade até novo aviso“, anunciou Anthony Rota, presidente do órgão, em comunicado de imprensa. “Se você já está dentro dos prédios, por favor permaneça e aguarde instruções dos funcionários do Serviço de Proteção Parlamentar”, acrescentou.
Lei de Emergências
O líder do governo na Câmara dos Comuns, Mark Holland, disse à agência AFP que a Câmara espera poder retomar os trabalhos no sábado (19). “A Câmara fará o seu trabalho e os parlamentares votarão, no início da próxima semana, a moção da Lei de Emergências”, acrescentou. Este debate começou na quinta-feira (17), após a invocação desta disposição, segunda-feira, pelo primeiro-ministro canadense Justin Trudeau.
Trudeau estimou que o protesto já não era “pacífico”. A fala foi dita durante um debate histórico na Câmara dos Comuns sobre a implementação da lei sobre medidas de emergência, uma disposição excepcional. “O objetivo de todas as medidas, incluindo as medidas financeiras previstas na Lei de Emergências, é enfrentar a ameaça atual e colocar a situação sob controle total“, explicou o primeiro-ministro.
Em uma carta endereçada aos primeiros-ministros das províncias canadenses, na noite de quarta-feira, Trudeau considerou que o movimento “ameaçou a democracia” e minou “a reputação do Canadá no exterior”.
Esta é a segunda vez que tal disposição é usada em tempos de paz. A última vez em que a Lei de Emergências foi acionada remonta à crise de 1970, quando Pierre Elliott Trudeau, o pai do atual primeiro-ministro, estava no poder.
“Contas bancárias de indivíduos e empresas” vinculadas ao bloqueio foram congeladas, disse a ministra das Finanças e vice-primeira-ministra Chrystia Freeland, em entrevista coletiva.
Classificando a situação de “precária”, o ministro da Segurança Pública, Marco Mendicino, disse que “bloqueios ilegais nas fronteiras” custaram bilhões de dólares à economia canadense.
Primeiras prisões
Na noite de quinta-feira, a polícia fez as primeiras prisões de líderes do movimento. Tamara Lich, uma das organizadoras do chamado “comboio da liberdade“, foi presa, de acordo com um tuíte divulgado na conta oficial do movimento. Nas imagens, vemos ela algemada em uma viatura policial, cercada por dois agentes.
Um pouco antes, outro líder, Chris Barber, havia sido preso. O momento da detenção também filmado e postado nas redes sociais por integrantes do movimento.
A polícia canadense havia anunciado na quinta-feira que a intervenção para desbloquear as ruas de Ottawa, fechadas por centenas de caminhões, era iminente. “Se você quiser sair por vontade própria, agora é a hora“, disse o chefe de polícia interino de Ottawa, Steve Bell, aos manifestantes, alertando que este fim de semana seria “muito diferente dos três últimos“.