Psicóloga que oferecia "cura gay" tem registro profissional cassado
Psicóloga que oferecia “tratamento de reversão da homossexualidade” teve seu registro profissional cassado nesta sexta. Atualmente, a mulher ocupa “cargo especial” como assessora parlamentar do deputado Sóstenes Cavalcante, um dos líderes da bancada evangélica no Congresso
O Conselho Regional de Psicologia do Distrito Federal (CRP-DF) decidiu cassar, nesta sexta-feira (18/2), o registro profissional de Rozângela Alvez Justino. A decisão foi publicada no portal da entidade, na quinta-feira (17/2), e passou a valer desde então. O pedido foi impetrado pelo Ministério Público Federal (MPF) e pela Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Transgêneros (ABGLT).
A psicóloga foi alvo de um processo disciplinar por defender a prática da chamada “cura gay”, metodologia que promete oferecer terapia de reversão sexual aos seus pacientes. Ela foi uma das autoras da ação que liberou o tratamento no país em 2017, e que logo em seguida deixou de valer.
Com isso, Rozângela Alves Justino está impedida de manter atendimento a pacientes em todo o país. Caso continue, pode responder por exercício ilegal da profissão. A reportagem tenta contato com a defesa da psicóloga.
Segundo o documento que decide pela a cassação, Rozângela infringiu o código de ética da profissão. Em um dos termos violados, está o que diz que é vedado ao psicólogo “induzir a convicções políticas, filosóficas, morais, ideológicas, religiosas, de orientação sexual ou a qualquer tipo de preconceito, quando do exercício de suas funções profissionais”.
Em 2009, Rozângela já havia sido punida pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP) por oferecer o “tratamento”. Ela sofreu uma “censura pública” por ter violado uma resolução da profissão que diz que “homossexualidade não constitui doença, nem distúrbio e nem perversão”..
À época, Rozângela disse que considera a homossexualidade um distúrbio, provocado principalmente por abusos e traumas sofridos durante a infância. Ela disse ter “aliviado o sofrimento” de vários homossexuais.
Em abril de 2019, a ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu uma decisão da Justiça Federal de Brasília que permitia a prática da “cura gay”. Ela atendeu a pedido do Conselho Federal de Psicologia, que entrou no Supremo contra decisão do juiz da 14ª Vara Cível em Brasília, que autorizou psicólogos a realizarem terapias do tipo.