Zico cancela participação no Flow e mais patrocinadores anunciam desligamento
Após fala de Monark sobre nazismo, Zico cancela participação no Flow Podcast desta terça-feira. Comunicado foi publicado pelo filho do ex-jogador. Outros anunciantes da atração também se pronunciaram
Após as falas polêmicas de Monark sobre nazismo, o craque Zico cancelou sua participação no Flow Podcast que estava agendada para esta terça-feira (8). A decisão anunciada nas redes sociais por Junior Coimbra, filho do ex-atleta. “Meu pai iria sim participar hoje à tarde do Flow Sports Club, mas ele cancelou assim que assistiu ao vídeo. Não precisou muito”, escreveu.
ENTENDA A POLÊMICA:
↗ Monark comete crime ao vivo e defende existência de partido nazista no Brasil
↗ Exclusivo: Patrocinador encerra contrato com Flow após falar de Monark
↗ “Eu estava bêbado, fui insensível e peço desculpas”, diz Monark
A primeira empresa a anunciar o rompimento de patrocínio ao Flow foi a ‘Flash Benefícios’. “Não há sociedade livre quando há intolerância ou busca de legitimação de discursos odiosos, nazistas e racistas, tecidos a partir de uma suposta liberdade de expressão”, declarou o representante da organização.
A ‘Puma’ também se manifestou algum tempo depois. Segundo a fornecedora de material esportivo, o apoio dado ao Flow foi circunstancial e nunca se tratou de um patrocínio. Com a repercussão da fala de Monark, a marca alemã reiterou o pedido para retirar seu logo da lista de patrocinadores.
“Discordamos e repudiamos veementemente as declarações e ideias expressas durante o último Flow Podcast, transmitido nesta segunda-feira (7). Elucidamos ainda que não somos patrocinadores do podcast, tendo feito no passado somente uma ação pontual e isolada. Já havíamos pedido para nosso logo ser retirado como patrocinadores e reforçamos isso novamente”, declarou a Puma.
A marca de chocolates Bis se somou às empresas descontentes com a possível relação de sua imagem com a fala considerada preconceituosa. Segundo a Mondelez, detentora da marca, qualquer manifestação de preconceito deve ser repudiada. Assim como a Puma, a companhia declarou que o apoio ao Flow foi pontual e já foi encerrado. Ela voltou a pedir a retirada do logo da Bis da lista de patrocinadores.
O iFood também é uma empresa que está na lista da patrocinados, mas não apoia mais o Flow financeiramente. A rede de delivery não se manifestou sobre a fala de Monark. Disse somente que não mantém mais relações com o podcast desde novembro de 2021. “O iFood não mantém mais relação comercial com o Flow. Nossa decisão de encerrar o patrocínio com o podcast foi tomada, de forma definitiva, em novembro de 2021”, disse a empresa no Twitter.
O jornalista esportivo e apresentador Benjamin Back pediu a retirada de seu episódio dos canais do Flow. Back participou do Flow Sports Club. Segundo Benja, o vídeo foi removido pela empresa. “Flow, se eu soubesse que vocês apoiam o nazismo, jamais teria participado desse podcast! Inclusive, gostaria que o meu episódio fosse retirado do ar, pois não compactuo com esse tipo de pensamento! Triste de saber que vcs pensam assim, tolerar e apoiar o nazismo é inadmissível!”, disse o jornalista.
“Deveria existir um partido Nazista legalizado no Brasil”
“Se o cara for anti-judeu ele tem direito de ser Anti-judeu”
Eu tinha achado que ele tinha superado todos os limites no último papo de racismo, mas ele conseguiu se superar de um jeito… pic.twitter.com/h9Tf7g8TYg
— Levi Kaique Ferreira (@LeviKaique) February 8, 2022
Entenda o caso
O apresentador Monark, do Flow Podcast, defendeu durante o programa na noite desta segunda-feira (7) a existência de um partido nazista no Brasil. Em conversa com os deputados federais Tabata Amaral (PSB-SP) e Kim Kataguiri (Podemos-SP), Monark começou dizendo que a “esquerda radical tem muito mais espaço do que a direita radical” e, na sua opinião, “as duas tinham que ter espaço”.
“Eu sou mais louco do que vocês. Eu acho que tinha que ter partido nazista reconhecido pela lei”, afirmou. A deputada, então, o interrompe e lembra: “Liberdade de expressão termina onde a sua expressão coloca a vida do outro em risco. O nazismo é contra a população judaica. Isso coloca uma população inteira em risco.”
Monark insiste e diz que “se um cara quisesse ser anti-judeu, eu acho que ele tinha o direito de ser”. E pergunta: “Você vai matar quem é anti-judeu? […] Ele não está sendo anti-vida, ele não gosta dos ideais [dos judeus]”. Tabata Amaral explica que o judaísmo não é um sistema de ideais. “O judaísmo é uma identidade, uma religião, uma raça.”
Kim Kataguiri, do MBL, saiu em defesa de Monark durante a discussão e ajudou a reforçar a ideia de que ‘vale tudo’ em defesa de uma suposta ‘liberdade de expressão’.