Mercenários internacionais na guerra da Ucrânia estão culpando mercenários brasileiros por facilitar ataques das tropas de Putin. Apoiadores de Bolsonaro, esses brasileiros divulgaram dezenas de imagens e até localização nas redes e foram chamados de 'estúpidos', 'caçadores de likes em busca de fama' e 'os três patetas'
Perfis de diversas nacionalidades estão culpando brasileiros que foram à Ucrânia para lutar contra os russos por facilitar ataques das tropas de Vladimir Putin.
Publicações dos brasileiros nas redes sociais exibindo as bases militares ucranianas e até marcando o local exato da localização teriam contribuído para o lançamento de mísseis pelas tropas russas, causando dezenas de mortes.
Alguns mercenários dos EUA chegaram a afirmar que os brasileiros estariam mais interessados em se promover, com o exibicionismo nas redes sociais, do que em ajudar a Ucrânia na guerra.
“É incrível como são descuidados e estúpidos os ‘voluntários’ brasileiros na legião estrangeira. Outro mercenário, capturado anteriormente perto de Lviv, também mantém discretamente um perfil aberto no Instagram, encantando regularmente os seus seguidores com novas histórias”, escreveu, em inglês, o internauta identificado como Spriter.
“O fato dos brasileiros irem para uma guerra e postarem em rede social já é burrice. Mas burrice também é achar que não há serviço de inteligência na Rússia, uma das nações que tem histórico de excelência em espionagem”, observou um internauta.
Em entrevista à CNN de Portugal, o Coronel Fernando Montenegro criticou e classificou os mercenários brasileiros como ‘vaidosos caçadores de like’. “A cyber inteligência da Rússia faz um rastreamento dessas pessoas”, disse.
Quem são os mercenários brasileiros
Leanderson Paulino é um dos brasileiros apontados como ‘irresponsável’ e ‘estúpido’ pelos soldados internacionais. Ele alcançou fama repentina e já acumula milhares de seguidores após divulgar imagens na guerra da Ucrânia.
André Kirvaitis e André Hack são os outros dois brasileiros que integram o mesmo grupo de Leanderson na Ucrânia. Os três afirmam que não estão recebendo dinheiro do governo ucraniano e que lutam por ‘discordarem’ das ações da Rússia.
As autoridades ucranianas criaram um site de recrutamento de estrangeiros com formação militar para integrar a chamada Legião Internacional de Defesa do Território. Isso foi feito após uma série de contato com consulados e embaixadas da Ucrânia espalhadas pelo mundo, inclusive com a filial brasileira.
“São três patetas nacionais na guerra, que gostam de posar juntinhos. André Hack fez um ‘clipe’ com a inevitável música ‘Tropa de Elite’. Outro que adora dar pistas de onde está é André Kirvaitis. Todos são bolsonaristas, evangélicos, e dizem estar lá para combater a turma de Putin em ‘nome da liberdade’. O mercado de mercenários está aquecido”, observou o jornalista Kiko Nogueira.
R$ 10 mil por dia
Ao contrário do que dizem os brasileiros, uma reportagem da BBC descobriu que os mercenários são contratados em várias partes do mundo por até US$ 2 mil por dia (mais de R$ 10 mil) para ajudar no resgate de famílias e no enfrentamento aos inimigos russos.
A Embaixada da Ucrânia no Brasil confirmou à BBC que mais de cem pessoas se ofereceram para se alistar junto ao exército ucraniano, mas não quis comentar se a quantia paga era verdadeira.
Nas redes sociais, os soldados brasileiros sofrem ameaças de russos e esquadrões militares contrários à Ucrânia. Em uma publicação recente, por exemplo, um perfil relacionado a um agrupamento militar da Rússia diz que vai encontrar os opositores em breve para exterminá-los.
A guerra, os brasileiros e a fama
Não há comprovação que as publicações de brasileiros nas redes sociais contribuíram para as mortes, mas é fato que as forças russas lançaram vários ataques aéreos contra um centro de treinamento militar nos arredores da cidade de Lviv, no oeste da Ucrânia, perto da fronteira com a Polônia. Coincidência ou não, os brasileiros estavam na região e divulgaram várias fotos e a localização antes do ataque.
Semanas atrás, outro brasileiro que sofreu acusações parecidas foi o deputado estadual Arthur do Val, o Mamãe Falei, que teve áudios repugnantes contra ucranianas vazados. Por sua passagem de caráter duvidoso na Ucrânia, o parlamentar foi acusado de estar mais preocupado em fazer propaganda política e turismo sexual do que ajudar o povo ucraniano.
Paranaense fugiu para a Polônia
Outro mercenário da legião internacional é o instrutor de tiro Tiago Rossi, de Maringá, no Paraná. Antes de ir para a Ucrânia, ele deu diversas entrevistas para veículos da grande mídia nacional e também ganhou fama repentina.
No último domingo, ele disse em vídeo que teve de fugir após aviões russos atacarem integrantes da Legião Internacional. “Não imaginava o que era uma guerra”, afirmou o brasileiro. RELEMBRE: