Esposa do médico Renato Kalil chegou a defender publicamente o marido das acusações de estupro e violência obstétrica. Ilana deixa duas filhas
A esposa do ginecologista Renato Kalil foi encontrada morta em sua casa em São Paulo nesta segunda-feira (14). A assessoria de imprensa do médico e a Secretaria de Segurança Pública confirmaram a morte.
Ilana Kalil era nutricionista de formação, instrumentadora cirúrgica e mãe de duas filhas — ambas frutos de seu relacionamento com Renato Kalil.
A nutricionista havia fechado seus perfis nas redes sociais após as denúncias contra seu marido por estupro e violência obstétrica. Ao reaparecer ainda em dezembro, Ilana saiu em defesa de Renato Kalil e chegou publicar mensagens que culpavam as vítimas.
Horas antes de morrer, Ilana publicou um story no seu perfil no Instagram no qual disse ter sido ‘censurada’. O contexto da publicação ainda é desconhecido pela polícia. Investigadores do 34º DP afirmaram que ela foi encontrada com um tiro na cabeça.
De acordo com a SSP, o caso foi registrado como suicídio, mas a polícia afirmou que também trabalha com outras hipóteses e os detalhes serão preservados. A assessoria de Kalil disse que não divulgará nota a respeito.
RENATO KALIL
Renato Kalil é médico com especialização em ginecologia e obstetrícia. Foi responsável pelo parto de celebridades como Julia Faria e Andréa Sadi e já atendeu a apresentadora Luciana Gimenez.
No início de dezembro de 2021, a fama e o reconhecimento profissional de Kalil foram colocados à prova, depois que a influenciadora Shantal Verdelho compartilhou as filmagens do parto de seu segundo filho.
No vídeo, Renato aparece ofendendo a paciente, chamando-a de “viadinha”, realizando a manobra de Kristeller e tentando convencê-la a tomar uma medicação que acelera o trabalho de parto, mas é contraindicada para mulheres que já realizaram cesárea anteriormente.
A influenciadora decidiu levar a denúncia adiante, e registrou um boletim de ocorrência contra o médico, o que permitiu que a Justiça abrisse um inquérito para investigar a atitude do ginecologista.
OUTRAS DENÚNCIAS
Após o caso de Shantal Verdelho, várias mulheres se encorajaram a denunciar Kalil. A bancária Letícia Domingues disse que foi abusada mais de uma vez pelo obstetra e ginecologista na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, em 1991. Outra vítima revelou que Kalil exibiu o pênis em uma consulta depois de um parto traumático, em 1993.
Até o início de fevereiro, no inquérito policial em curso, em São Paulo, 14 mulheres além de Shantal haviam prestado depoimentos acusando Kalil de violência obstétrica e também de assédio sexual.
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