Redação Pragmatismo
Mundo 17/Mar/2022 às 17:18 COMENTÁRIOS
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"Fantasma de Kiev" propagandeado por Zelensky era, na verdade, um simulador de game

Publicado em 17 Mar, 2022 às 17h18

Na atual guerra, ambos os lados já divulgaram informações falsas sobre os acontecimentos, mas levantamento destaca o exagero da Ucrânia na propagação de fake news para tentar comover a opinião pública. Diversas mentiras já desmascaradas continuam acessíveis em perfis oficiais nas redes sociais sem serem notificadas como 'desinformação'. "Se uma pessoa postou e outra acreditou que é verossímil, o estrago está feito"

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Presidente Zelensky tem contribuído fortemente com a propagação de fake news sobre a guerra. Suas postagens comprovadamente falsas são curtidas e compartilhadas por milhares de pessoas

Um dos principais serviços que desmascaram fake news no mundo, o ‘Snopes’ resolveu questionar o “Fantasma de Kiev”, a história de um aviador ucraniano que se espalhava em mídia social por vídeo, com centenas de milhões de visualizações no Facebook, no YouTube, no Twitter e até no TikTok.

Mas as imagens que viralizaram como verídicas, inclusive através da imprensa internacional, são do Digital Combat Simulator World — um jogo de simulação de aviões de guerra da empresa Eagle Dynamics. A companhia de games precisou se manifestar após veículos de comunicação de renome global venderem a mentira como verdade.

Mesmo com a farsa desmontada, as cenas continuaram viralizando, indo parar numa postagem do próprio governo ucraniano, oficial, no Twitter, e então aconteceu o mais revelador: o Twitter se recusou a derrubá-las ou sequer acrescentar um alerta à publicação governamental.

Ao compartilhar o vídeo, o perfil oficial do governo da Ucrânia dizia: “O que esse ‘craque’ ucraniano produz? MiG-29 das Forças Armadas destrói o ‘sem paralelo’ Su-35 russo”.

Os dias se passaram e o Ministério da Defesa da Ucrânia e até mesmo o próprio presidente Zelensky sustentaram a mentira, alegando que o ‘Fantasma de Kiev’ já havia abatido mais de 6 aeronaves russas.

Ex-diretor do Facebook e acadêmico em Stanford, Alex Stamos disse ao The New York Times que as empresas de mídia social “simplesmente tomaram partido”. “Isso deixa bastante evasiva a verdade por trás de algumas narrativas de guerra, mesmo que as contas oficiais e os meios de comunicação compartilhem.”

SAIBA MAIS: Pela primeira vez, Facebook libera elogios a batalhão neonazista ucraniano

A mentira como arma de guerra

“Uma das principais características da guerra é a importância da opinião pública. Uma vez que o país dito mais fraco não teria como vencer o poderio militar do inimigo, a opinião popular torna-se o principal alvo”, afirma Maria Eduarda Dourado, mestre em Relações Internacionais pela Universidade Estadual da Paraíba.

Além do ‘Fantasma de Kiev’, o governo ucraniano se esforçou para espalhar outras mentiras, como a do risco de um incêndio na usina de Zaporíjia ser pior que o acidente de Tchernóbil — informação desmentida por cientistas — e a ameaça de destruição do monumento de Babi Yar — desmentido pela direção da própria entidade.

Outra mentira que também gerou forte impacto na comunidade internacional foi a dos soldados ucranianos que teriam morrido na Ilha das Serpentes após supostamente não quererem se render aos russos. A impossibilidade de sustentação da mentira fez com que o governo ucraniano admitisse, dias depois, que os soldados estavam vivos e bem, como demonstrou reportagem do Pragmatismo.

“Em todos os casos, a desinformação é usada para tentar atrapalhar o adversário e comover o público — seja para aumentar o moral nacional ou sensibilizar o mundo em seu favor”, explica Mariana Kalil, professora da Escola Superior de Guerra. “Não importa se há a intenção ou não de mentir. Se uma pessoa postou e outra acreditou que é verossímil, o estrago está feito”, acrescenta.

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