Em país membro da OTAN, jogador se recusa a vestir camiseta contra a guerra na Ucrânia e faz alerta sobre outras guerras que estão acontecendo ao redor do mundo mas que não recebem atenção da imprensa ocidental. "Compartilho a dor de pessoas inocentes, independentemente de sua origem"
O futebolista turco Aykut Demir, capitão do Erzurumspor, se recusou a vestir uma camiseta contra a guerra na Ucrânia antes da partida contra o Ankaragucu, pela segunda divisão da Turquia. Todos os demais atletas usaram a camisa.
A Turquia é um país membro da OTAN e Demir (camiseta azul e barba, à direita) recebeu críticas pelo gesto de coragem. Ele fez um alerta sobre outros conflitos ao redor do mundo que não recebem destaque na imprensa ocidental e não causam 1% da comoção provocada pela guerra da Ucrânia.
“Milhares de pessoas morrem todos os dias no Oriente Médio, na África. Eu também me sinto mal. Compartilho a dor de pessoas inocentes, independentemente de sua origem”, disse ao jornal Fanatik.
“Aqueles que ignoram a perseguição estão fazendo essas coisas quando isso acontece na Europa. Não gosto de usar essa camisa porque não foi feita para esses países”, concluiu.
Indignação seletiva
“Além dos 28 países que passam por conflitos de diferentes ordens, neste início de 2022 pelo menos quatro regiões enfrentam guerras. Uma delas ocorre na Síria, onde o governo de Israel vem matando combatentes pró-Síria no ar. Na Somália, os Estados Unidos lançaram ataques com mísseis e a Arábia Saudita, por sua vez, já matou milhares de civis no Iêmen”, lembra Denis Castilho, colunista do Pragmatismo e professor da Universidade Federal de Goiás.
“Organizações como Médicos Sem Fronteiras (MSF) confirmam que a guerra civil no Iêmen é tida como uma das maiores crises humanitárias atuais com mais de 377 mil mortes, 3,6 milhões de deslocados internos e 24 milhões de pessoas carecendo de suporte humanitário”, acrescenta Castilho.
“Para a mídia ocidental ou para quem acredita e tem ela como único meio de informação, existe no momento apenas uma guerra (a da Ucrânia) e ela começou há poucos dias”, finaliza.
Saiba mais: