Losartana: farmacêutica Medley recolhe remédio do mercado após serem confirmadas impurezas no medicamento que podem causar mutações e câncer. Saiba o que deve fazer quem toma o remédio regularmente
O medicamento Losartana da farmacêutica Sanofi Medley será recolhido do mercado após estudos apontarem para riscos diversos. Foram encontradas impurezas nos comprimidos que podem causar mutações no DNA das células e aumentar o risco de câncer.
De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), desde 2018 há um alerta global para monitoramento de um tipo específico de impureza nos medicamentos contra a hipertensão arterial. O recolhimento afeta todos os lotes dos seguintes remédios:
Losartana potássica 50 mg e 100 mg (1), Losartana potássica + hidroclorotiazida 50 mg + 12,5 mg (2) e Losartana potássica + hidroclorotiazida 100 mg + 25 mg (3).
A losartana é usada para tratar pressão alta e insuficiência cardíaca. Já a versão hidroclorotiazida tem efeito diurético, também usada como complemento no mesmo tratamento.
Em nota divulgada na quarta-feira (9), a Anvisa afirmou que está adotando uma série de medidas após a detecção de impurezas nos princípios ativos conhecidos como “sartanas”, como a losartana e a valsartana, utilizados na fabricação de medicamentos para o tratamento de hipertensão arterial (pressão alta).
As impurezas são chamadas de nitrosaminas e foram detectadas pela primeira vez em 2018, em um alerta global que envolveu agências reguladoras de todo o mundo.
“As nitrosaminas são compostos comumente encontrados na água, em alimentos defumados e grelhados, laticínios e vegetais. Sabe-se que a exposição a esses compostos dentro de limites seguros representa baixo risco de agravos à saúde. No entanto, acima de níveis aceitáveis e por longo período, a exposição às nitrosaminas pode aumentar o risco da ocorrência de câncer”, explicou a Anvisa.
O que os pacientes devem fazer
A Sanofi Medley anunciou que a “interrupção abrupta do tratamento” com losartana tem riscos. “O risco para a saúde de descontinuar abruptamente estes medicamentos sem consultar os seus médicos ou sem um tratamento alternativo é maior do que o risco potencial apresentado pela impureza em níveis baixos”, afirmou a empresa.
Médicos ressaltam que os pacientes não devem interromper o tratamento da hipertensão, mas sim procurarem orientação médica em busca de um novo remédio. “O paciente deve procurar seu médico, verificar se o seu remédio é um desses recolhidos. Se for o caso, trocar por outro medicamento ou fabricante, mas nunca interromper o tratamento”, diz a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).
Os especialistas acrescentam que existem diversas classes de medicamentos anti-hipertensivos que podem substituir a losartana e que somente a orientação médica é capaz de avaliar a droga que deverá ser ajustada de acordo com o perfil do paciente.
“A população não deve ficar assustada nem desesperada. Pelo contrário, há todo o apoio da sociedade médica para fazer a procura do serviço de saúde e ajuste de suas medicações. Nunca pare o tratamento, sempre procure orientação médica antes”, alerta o cardiologista Ítalo Menezes Ferreira.