Morador de rua agredido por personal trainer saiu do hospital e falou pela primeira vez sobre o episódio. Mesmo sem ser questionado a respeito de política, ele elogiou o atual presidente: “Votei nele em 2018 pela facada e votarei de novo esse ano”
O morador de rua que teve relações com a esposa de um personal trainer — e acabou flagrado e espancado por ele — falou pela primeira vez sobre o caso. Givaldo Alves, de 48 anos, é da Bahia e reafirmou que a relação com a mulher foi consensual.
As agressões a Givaldo foram gravadas por uma câmera de segurança. Depois da repercussão do caso, o personal trainer Eduardo Alves, de 31 anos, disse que sua mulher estava em surto psicótico, segundo seus médicos, e por isso teria convidado o homem a entrar no seu carro.
Segundo Givaldo, a mulher o chamou e pediu para que ele entrasse em seu carro, mesmo depois de dizer que não “tinha tomado banho”. “Eu andava pela rua e ouvi um grito: ‘moço, moço’. Olhei para trás e só tinha eu. E ela confirmou comigo dizendo: ‘Quer namorar comigo?’”.
“Moça, eu não tenho dinheiro, sou morador de rua. Não tenho dinheiro nem para te levar ao hotel. Então, ela disse: ‘Pode ser no meu carro’”, contou.
Por conta das agressões do personal trainer, o homem em situação de rua sofreu um edema no olho e ficou com a costela quebrada.
Durante a entrevista, Givaldo contou que tem interesse por literatura que já teve diferentes trabalhos, como operário na área de construção civil e como motorista responsável pelo transporte de produtos perigosos (MOPP).
Ainda segundo ele, foi casado por 15 anos e tem uma filha de 28 anos. Ele conta que já viveu em cidades da Bahia, Tocantins, Minas e Goiás, antes de chegar a Brasília. Na capital, sua rotina é focada em buscar abrigos públicos e casas de passagens.
Sobre o caso, Givaldo buscou negar as acusações de estupro. “Deus me colocou em um lugar cercado por câmeras que comprovam não ter havido nada disso [estupro]. Se fosse outro morador de rua, possivelmente já estaria preso”, afirmou.
Segundo Givaldo, ele soube que a mulher era casada quando recebia atendimento médico no hospital. Até aquele momento, ele pensava que se tratava de uma retaliação a uma cena que viu dias antes: o motorista de um carro arrastando propositalmente uma mulher. Ele pensou, assim, que era um tipo de vingança.
Eleitor de Bolsonaro
Na entrevista, Givaldo falou sobre política mesmo sem ser questionado. O morador de rua confessou que votou em Jair Bolsonaro (PL) em 2018 e que votará de novo em 2022. “Votei pela facada”, disse.
“Quero agradecer ao serviço social que recebi quando parei nas ruas. E quero agradecer ao presidente que eu votei. Deixando claro que só votei no senhor porque o senhor tomou aquela facada. E por ser um cara do Exército”.
“Eu estava em um bar em Peruíbe quando decidi. Ponderei que, se esse cara não mudar o Brasil, tínhamos aquela coisa da Lava Jato, e eu estava votando no outro partido [PT] há muito tempo. Não sei se podia falar sobre isso, mas resolvi falar mesmo assim”, continuou.
“Votei naquela vez, com muito orgulho. E votarei novamente. E quero agradecer aos governos que apoiam as casas que prestam serviços para pessoas na rua como eu”, finalizou.