Ucrânia afunda seu maior navio de guerra para evitar que caia nas mãos dos russos. Marinha ucraniana diz que obteve a informação de que uma operação especial das forças navais de Moscou havia sido planejada para apreender a fragata
A Ucrânia afundou propositalmente seu maior navio de guerra, a fragata Hetman Sahaidachny, que estava parcialmente desmontada, passando por reparos, na cidade de Mykolaiv, perto do litoral do Mar Negro. Era impossível montá-la e restaurar sua capacidade de combate a tempo de enfrentar os russos.
Segundo o site ucraniano ‘Dumskaya’, a inteligência do país obteve a informação de que uma operação especial das forças especiais navais de Moscou havia sido planejada para apreender o Hetman Sahaidachny.
Por isso, foi dada ordem para que, em caso de ataque, o casco fosse cuidadosamente enchido de água, apoiando a embarcação no fundo do rio onde fica o estaleiro em que recebia reparos.
“O comandante do navio capitânia da Marinha ucraniana executou a ordem de afundar o navio Hetman Sagaidachny, que estava em reparo, para que não fosse capturado pelo inimigo. É difícil imaginar uma decisão mais difícil para um bravo guerreiro e toda a sua equipe. Mas vamos construir uma nova frota, moderna e poderosa.O importante agora é resistir”, disse o ministro da Defesa Oleksii Reznikov em publicação no Facebook nesta sexta-feira (4).
Agora, para erguer o navio, as forças russas teriam que realizar uma operação demorada, algo muito difícil em condições de hostilidade. No futuro, em tese, a fragata poderá recuperar a flutuabilidade e os trabalhos de reparo podem prosseguir.
O Hetman Sahaidachny foi o único navio grande para a Ucrânia que restou depois que os russos anexaram a península da Crimeia e apreenderam diversas embarcações ucranianas.
As forças russas estão avançando para tomar a cidade portuária de Mykolaiv, um ponto-chave na tentativa russa de assumir o controle da costa do Mar Negro da Ucrânia.
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O prefeito de Mykolaiv, Oleksandr Senkevych, disse em uma entrevista na quinta-feira que as forças russas que capturaram a cidade de Kherson, no sul, na quarta-feira, estavam indo para noroeste em direção à sua cidade.
Putin conversa com chanceler alemão
Em conversa com o chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, nesta sexta-feira (04/03), o presidente Vladimir Putin negou que as forças militares de Moscou tenham atacado civis ucranianos.
Na ocasião, Scholz expressou preocupação com supostas vítimas civis dos bombardeios russos, cujas informações o chanceler teria sabido por meio de relatos e imagens. Putin, no entanto, negou que isso tenha ocorrido.
“Kiev e outras grandes cidades são grotescas propagandas falsas”, afirmou o Kremlin, em comunicado relatando o diálogo dos líderes.
Segundo Moscou, o presidente russo disse que seu país está aberto ao diálogo com Kiev, “assim como todos os que desejam a paz na Ucrânia”, sob condição de que as exigências russas sejam aceitas.
Entre as condições estabelecidas pela Rússia estão a classificação do status da Ucrânia como “não nuclear”, a “desnazificação” do país e o reconhecimento da península da Crimeia como território russo e da soberania dos territórios separatistas no leste ucraniano.
Parte das exigências já estavam presentes no documento sobre garantias de segurança enviado pela Rússia aos Estados Unidos e à Otan em dezembro de 2021, no âmbito de um diálogo diplomático entre as partes. As negociações no entanto não foram para frente, culminando na ofensiva militar russa em 24 de fevereiro.
Ainda de acordo com o Kremlin, Putin “expressou esperança de que os representantes da Ucrânia adotem uma posição razoável e construtiva na terceira rodada de conversações”. O próximo encontro entre as delegações de ambos os lados deve ocorrer neste fim de semana, segundo os negociadores de Kiev.
O chanceler alemão pediu ao líder russo nesta sexta que “cesse imediatamente todos os combates e permita o acesso humanitário às zonas de combate”. Ambos concordaram em voltar a falar em breve.