Bolsonaro avançou a 30% das intenções de voto na mais nova pesquisa Ipespe, enquanto Lula se manteve em 44%. Levantamento mostra que o atual presidente cresceu entre os mais pobres, evangélicos e católicos
Leonardo Sakamoto, em seu blog
Jair Bolsonaro (PL) foi o grande beneficiário da saída de Sergio Moro (UB) da corrida eleitoral. Mas a retirada de seu ex-ministro não foi a única notícia boa para o presidente, que subiu entre os mais pobres, evangélicos e católicos e no Sul e Sudeste.
De acordo com a pesquisa Ipespe, divulgada nesta quarta (6), ele tinha 26% no levantamento de 25 de março, quando Moro ainda estava na disputa. Agora, tem 30%. Por mais que não seja possível comparar pesquisas que apresentem um conjunto de candidatos diferente, os números apontam o que já era previsto, com parte dos votos ficando com o presidente e parte com Ciro Gomes (PDT), que passou de 7% para 9%, João Doria (PSDB), de 2% para 3%, e Simone Tebet (MDB), de 1% para 2%. Lula (PT) manteve-se estável com 44%.
Moro tinha 7% na última pesquisa. A margem de erro é de 3,2 pontos.
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É a primeira vez, desde o início da série histórica do Ipespe, em janeiro de 2020, que Bolsonaro registra 30% das intenções na pesquisa estimulada. Nem quando Moro não foi considerado na pesquisa, entre setembro e outubro do ano passado, o presidente atingiu esse patamar.
Ele também alcançou a maior marca na espontânea, na qual não são fornecidas opções ao entrevistado e mostra um voto mais consolidado, passando de 25% para 27%. Lula se manteve com 36%.
Na região Sudeste, o presidente foi de 25% para 31% e, na Sul, de 31% para 39%. Nas outras, permaneceu estável. Entre quem ganha mais de cinco salários mínimos por mês, Bolsonaro foi de 31% para 35%. Esses grupos demográficos reúnem parte significativa de antipetistas e moristas, que apostavam no ex-juiz como alternativa a Bolsonaro e Lula.
Mas a simples transferência de votos de Moro (um retorno para casa, na verdade, pois o lavajatismo apoiou Jair Bolsonaro na eleição de 2018), não explica totalmente a subida do presidente.
Por mais que a inflação dos alimentos esteja alta e a renda média do brasileiro tenha caído quase 9% no último ano, segundo o IBGE, o ambiente para Bolsonaro está menos tóxico com o arrefecimento da pandemia, a geração de empregos (por mais lenta e informal que seja) e a queda no dólar derivado, principalmente, da crise na Ucrânia, do aumento no preço das commodities e da alta dos juros por aqui.
Além disso, Jair está gastando dezenas de bilhões em recursos públicos, não apenas na forma do Auxílio Brasil e de outros benefícios sociais, mas em obras e investimentos bancados com recursos transferidos a parlamentares aliados. Vive e respira campanha eleitoral 24 horas por dia, passando mais tempo em motociatas e comícios nas ruas, nos templos e nas igrejas do que em Brasília.
Com isso, a avaliação positiva do governo Bolsonaro subiu de 26% para 29%, enquanto a negativa se manteve em 54%. A aprovação do governo passou de 31% para 33% e a desaprovação caiu de 65% para 63%. A percepção de notícia desfavoráveis para o presidente caiu de 54% para 51% e as favoráveis foram de 11% para 13%. Passaram de 27% para 29% os que acham que a economia está no caminho certo – 63% ainda consideram que está na direção errada.
Por mais que algumas variações estejam dentro da margem, o pacote como um todo mostra uma “despiora” do país, o que beneficia quem está no cargo.
Bolsonaro disparou sete pontos entre os que ganham até dois salários mínimos por mês e são a maioria da população, indo de 18% para 25%. Lula perdeu dois pontos nesse grupo (de 54% para 52%), variando dentro da margem de erro.
Ele também subiu de 34% para 40% entre os evangélicos, voltando a ficar à frente de Lula – que caiu de 39% para 33%. Já entre os católicos, Bolsonaro foi de 25% para 31% enquanto o petista desceu de 44% para 41%.
A informação positiva para terceira via, que disputa, hoje, o direito de perder as eleições em outubro, é que Bolsonaro é apontado como o pior presidente desde a redemocratização, com 40%, ganhando de Dilma Rousseff (21%), Lula (14%), Fernando Collor (11%), Michel Temer (4%), Fernando Henrique (2%), José Sarney (2%) e Itamar Franco (1%).
Lula é apontado como o melhor presidente por 46%, seguido pelo próprio Bolsonaro (22%), FHC (15%), Itamar (4%), Temer (3%), Sarney (2%) e Dilma (1%). Collor não pontuou.
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