Europa

Polícia não consegue esclarecer caso de família que se atirou de prédio ao mesmo tempo

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Suíça: Caso de família que se jogou ao mesmo tempo do 7º andar ainda é mistério para os investigadores. Testemunhas afirmam que eles viviam submersos em teorias conspiratórias, estocavam comida e não falavam com ninguém

Família francesa se jogou de prédio na Suíça (divulgação)

Cinco pessoas da mesma família se jogaram do sétimo andar de um prédio na tradicional cidade turística de Montreux, na Suíça. O episódio trágico ocorreu no último dia 24 de março, mas a polícia ainda não conseguiu compreender exatamente o que aconteceu. As informações são do Daily Mail.

Das cinco pessoas que pularam, quatro morreram. As vítimas fatais são Nasrine Feraoun (41) e seu marido, Éric David (40), além da filha de 8 anos do casal e a irmã gêmea de Nasrine, chamada Narjisse. O filho mais velho, de 15 anos, também pulou, mas sobreviveu e encontra-se internado em estado ‘muito grave’.

Além da tragédia, o contexto do caso também chama a atenção, pois a polícia constatou que a família, que faz parte da elite da França, vivia isolada e demonstrava interesse por teorias da conspiração.

O que aconteceu?

Tudo começou quando oficiais bateram à porta do apartamento da família, por volta das 6h15 da manhã, no intuito de conversar sobre obrigações legais ligadas à educação do menino de 15 anos, que, assim como a irmã, não frequentava a escola e era educado pelos pais em casa.

Uma voz de dentro da residência chegou a perguntar quem estava na porta, mas não falou mais nada. Sem a permissão para entrar, os oficiais foram embora. Minutos depois, perto das 7 horas, os cinco moradores teriam pulado da varanda em sequência, praticamente ao mesmo tempo.

Em pronunciamento no dia 29 de março, a polícia da Suíça afirmou que as conclusões após os primeiros dias de investigação “permitem descartar participação de terceiros e sugerem que todas as vítimas saltaram da varanda uma após a outra”.

A principal teoria, até agora, é de que o caso tenha sido de um suicídio coletivo. Mas há também a hipótese de que um dos membros da família tenha conduzido ou forçado os demais a saltar, antes de se jogar no final.

Segundo os policiais, a família vivia isolada e imersa em teorias conspiratórias, além de demonstrar interesse pelo sobrevivencialismo, movimento no qual as pessoas vivem dedicadas a se preparar para situações de emergência.

No amplo apartamento onde moravam, três dos cinco quartos estavam abastecidos com comida e remédio, enquanto os cinco moradores se dividiam nos dois quartos restantes, conforme informações do The Guardian.

Por conta dessas constatações, os investigadores acreditam que a família francesa tenha se sentindo ameaçada com a presença dos oficiais no prédio. “Desde o início da pandemia, a família estava muito interessada em teorias conspiratórias e de sobrevivência. Todos esses elementos sugerem medo de que as autoridades interfiram em suas vidas”, diz a polícia.

Quem eram

A família estava em isolamento há bastante tempo e apenas a irmã gêmea de Nasrine trabalhava fora de casa. O cunhado do casal, que se disse “atordoado” com a história, afirmou que não tinha notícias dos dois há 15 anos, pois cortaram os laços com o restante da família.

“Nós os vimos pela última vez em 2019. Eles pareciam adoráveis e distribuíam chocolates para a vizinhança. Mas o tempo passou e eles simplesmente sumiram”, disse um morador do prédio onde a família morreu.

Outro vizinho disse à polícia que a família era ‘muito estranha’: “Se cruzássemos com um deles pelo prédio ou pelos corredores, eles fugiam de volta às pressas para o apartamento”.

Outro detalhe estranho era a quantidade de pacotes que chegava pelos correios. Como as pessoas da família não respondiam à porta quando os carteiros vinham, pilhas de caixas ficavam no corredor, até que alguém saía rapidamente e as recolhia.

O Journal Du Dimanche confirmou que tanto David quanto Nasrine fazem parte da elite da França. O homem cresceu em uma parte rica de Marselha e estudou na Ecole Polytechnique, uma das mais antigas e prestigiadas instituições de ensino de engenharia da França.

Já Nasrine, dentista, e Narjisse, oftalmologista, foram educadas no Lycée Henri-IV, colégio de elite em Paris. As duas irmãs também são netas do escritor argelino Mouloud Feraoun, mártir da revolução argelina, assassinado em 1962, e amigo próximo do filósofo e escritor Albert Camus.