Militares fizeram licitação para comprar R$ 37 mil em lubrificante íntimo
Além de botox, próteses penianas e viagra, informações que constam no Portal da Transparência revelam que os militares brasileiros licitaram R$ 37 mil em bisnagas de gel lubrificante íntimo
O Ministério da Defesa fez uma licitação para realizar a compra de R$ 37 mil em gel lubrificante íntimo. As informações do Portal da Transparência foram reveladas pela revista Fórum. As compras são referentes aos anos de 2019 e 2020.
A descoberta vem na sequência de outras compras polêmicas das Forças Armadas, como a de medicamentos para disfunção erétil, calvície e botox, bem como a de próteses penianas infláveis.
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O gel lubrificante íntimo é utilizado em alguns procedimentos médicos, mas a grande quantidade do produto e a destinação para unidades que não possuem ligação com hospitais militares e divisões de saúde chamaram a atenção.
A 15ª Companhia de Infantaria Motorizada do Exército, sediada em Guaíra (PR), solicitou 10 tubos de bisnagas de 50g em lubrificantes intímos. O Centro de Aquisições Específicas da Aeronáutica da Ilha do Governador, pediu mil unidades pelo valor de R$ 19.990, enquanto o Centro de Intendência da Marinha em Manaus requiriu a mesma quantidade do produto, num custo de R$ 13.490.
Ainda segundo a Fórum, por conta do tamanho dos pedidos não foi possível determinar se as compras foram finalizadas como previsto, ou se tratavam apenas de pretensões de aquisição pelos órgãos subordinados ao Ministério da Defesa. Os editais envolviam um grande número de produtos e fornecedores na mesma licitação.
A farra dos militares
A escalada de compras de produtos considerados supérfluos e incompatíveis com a atividade militar é facilitada pelo aumento de recursos para as Forças Armadas constatado em estudo da Comissão de Orçamento e Financiamento do Conselho Nacional de Saúde (CNS), divulgado em fevereiro.
Em 2019, o valor anual de verbas do SUS direcionadas à saúde dos militares foi de R$ 350 milhões. Em 2021, chegou a R$ 355 milhões, quebrando novamente o recorde da série histórica, iniciada em 2013 a 2021. O governo Bolsonaro dedicou, em média, R$ 325 milhões por ano ao Ministério da Defesa.
Durante o governo da presidente Dilma Rousseff (PT), a média anual do uso de recursos do SUS pelos militares era de R$ 88 milhões, considerando o período analisado, de 2013 a 2015. Sob o comando de Michel Temer (MDB), o valor já havia dado um salto, com média de R$ 245,5 milhões anuais.
O Conselho Nacional de Saúde está elaborando uma recomendação aos órgãos de controle e ao Tribunal de Contas da União (TCU) para que fiscalizem os repasses da saúde ao Ministério da Defesa e às Forças Armadas.
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