Moradora de condomínio de luxo agrediu cozinheira após chamá-la de “negra esquisita”. O crime aconteceu em uma das áreas mais nobres de SP e foi registrado por câmeras de segurança. Vítima recebeu socos, joelhadas, puxões de cabelo e teve a cabeça batida contra a parede. O nome da agressora é Patrícia Brito Debatin
Uma moradora de um prédio de luxo foi flagrada agredindo uma cozinheira após chamá-la de “negra esquisita”, na rua Oscar Freire, no bairro Jardins, área nobre de São Paulo.
A mulher acusada de agressão e injúria racial é Patrícia Brito Debatin. Pelas imagens, é possível ver ela empurrar a vítima até a porta de vidro da recepção para entrar no prédio e retornar ao apartamento.
A vítima se chama Eliane Aparecida de Paula. Ela esperava sentada no hall de entrada a chegada de um transporte para retornar para casa quando foi chamada de “negra esquisita” e agredida com puxões de cabelo, joelhadas e teve a cabeça batida contra a parede.
“Ela virou para mim assim: que negra esquisita, que mulher esquisita, o que ela está fazendo aí? Ela já me aborda nesse tom”, narrou Eliane. Após informar à moradora que ela estava cometendo um ato de racismo, a cozinheira foi empurrada e decidiu ligar para a polícia.
Quando a cozinheira estava ligando para a Polícia, a moradora Patrícia Brito Debatin intensificou as agressões e espancou violentamente a vítima. Patrícia foi contida por um homem que apareceu no local.
O caso aconteceu em 22 de outubro de 2021, mas a investigação só foi iniciada na última quinta-feira (31). Eliane havia pedido as imagens da câmera da portaria imediatamente, mas elas só foram liberadas agora, cinco meses depois, por ordem da Justiça.
O advogado de Eliane vai entrar com uma ação criminal contra a agressora por injúria racial e lesão corporal. “É extremamente importante que a Justiça demonstre para essa pessoa que efetivamente praticou os fatos e para toda a sociedade que esse tipo de crime é devidamente investigado, que esse tipo de crime não ficará impune”, disse o advogado Theodoro Balducci.
Injúria racial é ofender alguém com base na sua raça, cor, etnia, religião, idade ou deficiência. O Código Penal, em seu artigo 140, descreve delito de injúria na conduta de ofender a dignidade e prevê pena de 1 a 6 meses de reclusão ou multa.
Eliane ainda tenta superar o trauma. Quando vai ao endereço de outros clientes, sente medo. “Já aconteceu de eu pedir para o cliente me buscar lá embaixo porque eu tenho dificuldade de subir. Medo de alguém, de algum branco que tem dificuldade de aceitar a pessoa que eu sou e me agredir”, disse.