Ursula Haverbeck é conhecida pelos tribunais da Alemanha e foi condenada diversas vezes por negar o Holocausto
Deutsche Welle
A neonazista alemã Ursula Haverbeck, de 93 anos, foi condenada nesta sexta-feira (01) a cumprir uma pena de 12 meses de prisão em Berlim por negar o assassinato de mais de um milhão de judeus no campo de concentração de Auschwitz.
A Corte rejeitou um recurso de Haverbeck contra duas condenações, em 2017 e 2020, por manifestações que negavam a existência do Holocausto, e registrou que ela não mostrou nenhum sinal de remorso ou arrependimento. Não há mais possibilidade de recurso.
“Você não é uma pesquisadora do Holocausto, você é uma negacionista do Holocausto“, disse o juiz presidente na sala de audiências. “O que você está difundido não é conhecimento, é veneno“, afirmou.
Em 2017, Haverbeck foi condenada a seis meses de prisão depois de negar repetidamente os fatos históricos do Holocausto durante um evento em Berlim. Em 2020, ela recebeu outra sentença de 12 meses de prisão por publicar uma entrevista online na qual ela novamente fez declarações que negavam o Holocausto.
O juiz presidente afirmou que as ações de Haverbeck eram resultado de suas próprias crenças e que a decisão de prendê-la era necessária, pois não havia alternativa. “Não há nada que a detenha”, disse o juiz a Haverbeck. “Com palavras, não teremos nenhum impacto em você“.
Haverbeck e seu falecido marido, Werner Georg Haverbeck, que foi um membro ativo do Partido Nacional-Socialista Alemão dos Trabalhadores (NSDAP), na época da Segunda Guerra Mundial, fundaram um centro educacional chamado Collegium Humanum, que está banido desde 2008.
“Vovó nazista”
Haverbeck afirmou diversas vezes que “não estava historicamente comprovado” que Auschwitz havia sido um campo de extermínio. Segundo ela, tratava-se de um campo de trabalho forçado. Historiadores estimam que 1,1 milhão de pessoas foram mortas em Auschwitz, das quais 90% eram judias.
Apelidada de “vovó nazista” pela mídia alemã, ela já havia sido condenada em outras partes da Alemanha, e cumpriu dois anos e meio de prisão na cidade de Bielefeld, no oeste do país, em 2018, em sentença confirmada pelo Tribunal Constitucional Federal da Alemanha.
Na época, a Corte apontou que espalhar falsidades conscientemente “não pode contribuir para a formação de opiniões” e, portanto, não está incluído na liberdade de expressão. Os ministros também decidiram que negar o Holocausto constitui “perturbar a paz pública”.
Haverbeck já recebeu também inúmeras multas por seus comentários. Na sexta-feira, seus advogados pediram que sua sentença fosse reduzida a multas ou que ela fosse libertada, mas o pedido foi rejeitado.
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