Laudo do IML aponta que Genivaldo foi asfixiado em 'câmara de gás' pela PRF. Esposa desabafa e diz que marido "nunca fez mal a ninguém, era bom companheiro e bom pai". Questionado, Bolsonaro disse que não tem conhecimento sobre o caso mas vai 'procurar saber'. Ministério Público dá 48 horas para polícia explicar ação
Um laudo do Instituto Médico Legal (IML) de Sergipe informou que o homem negro imobilizado por policiais da PRF (Polícia Rodoviária Federal) e colocado no porta-malas de uma viatura morreu de asfixia mecânica e insuficiência respiratória aguda.
Genivaldo de Jesus Santos, de 38 anos, teve a causa da morte confirmada pela Secretaria de Segurança Pública na manhã desta quinta-feira (26). O caso aconteceu nesta quarta-feira, em Umbaúba (SE).
Segundo a SSP, mais exames estão sendo feitos, mas o corpo já foi liberado do IML para o velório, que ocorre na casa de sua mãe, no povoado Mangabeira, em Santa Luzia do Itanhy. A vítima era casada e deixa um filho. De acordo com a família, o homem tinha esquizofrenia e tomava remédios controlados há cerca de 20 anos.
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) abriu um procedimento interdisciplinar. A Polícia Federal também irá averiguar as circunstâncias da morte de Genivaldo. A situação é acompanhada pela Ordem dos Advogados do Brasil em Sergipe, que disse em nota que “tem respeito pelas instituições, mas não compactua com qualquer tipo de violência ou de tortura”.
“Nunca fez mal a ninguém”
Emocionada, a esposa de Genivaldo, Maria Fabiana dos Santos, disse em entrevista à Rádio BandNews FM que o marido “nunca fez mal a ninguém”. Ele era pai de um filho de 7 anos.
“Sempre fez questão do tratamento dele. Sempre fez questão de ir ao médico, de tomar a medicação certinha. Nunca teve problema, tinha uma vida normal. Era uma boa pessoa. Um bom marido, um bom pai, um bom amigo. Nunca fez mal a ninguém”, disse, chorando.
“Vou me inteirar”
Questionado por jornalistas a respeito do caso, o presidente Jair Bolsonaro disse que não estava sabendo de nada, mas que iria buscar informações. “Vou me inteirar com a PRF”, afirmou.
Em seguida, Bolsonaro citou o caso de dois policiais rodoviários federais que foram mortos a tiros no Ceará por um homem em situação de rua, que tomou a arma de um deles durante abordagem.
“Eu vi há pouco, há duas semanas, aqueles dois policiais executados por um marginal que estava andando lá no Ceará. Foram negociar com ele, o cara tomou a arma dele e matou os dois. Talvez isso, nesse caso, não tomei conhecimento, o que tinha na cabeça dele”, disse ele.
“Uma coisa é execução. A outra, eu não sei o que aconteceu. A execução, ninguém admite ninguém executar ninguém. Mas não sei o que aconteceu para te dar uma resposta adequada”, completou o presidente.
O MPF (Ministério Público Federal) em Sergipe deu um prazo de 48 horas para que a PRF (Polícia Rodoviária Federal) dê detalhes sobre a abordagem que resultou na morte de Genivaldo.