Wyllys criticou o destaque que Rita von Hunty recebeu da grande mídia por desencorajar o voto em Lula. “A mesma imprensa que não só nunca dá espaço a lideranças e ativistas de esquerda, como os difama quando têm a oportunidade, agora promove qualquer pessoa de esquerda que ataque Lula ou não recomende voto em sua chapa no 1º turno”
A influenciadora e drag queen Rita von Hunty passou a receber destaque nos principais meios de comunicação do Brasil após desencorajar o voto em Lula na eleição de 2022. Com cerca de 950 mil seguidores em seu perfil no Instagram, ela publicou, no domingo, um texto em que critica o ex-presidente no lançamento de sua pré-candidatura ao Planalto e defende um “voto radical no primeiro turno”.
Na sua avaliação, Rita von Hunty considera que Lula deveria ter se comprometido com pautas econômicas e sociais com maior apelo no campo da esquerda, como as reformas aprovadas no governo do ex-presidente Michel Temer. O posicionamento chegou aos assuntos mais comentados do Twitter e foi condenado pelo ex-deputado Jean Wyllys.
“A imprensa corporativa que não só nunca dá espaço a lideranças, ativistas e/ou parlamentares de esquerda, como os difama quando têm a oportunidade; esta imprensa agora promove qualquer pessoa de esquerda que ataque o Lula ou não recomende voto em sua chapa no 1º turno”, rebateu Wyllys.
“As deputadas e vereadores negras e/ou trans, as ativistas feministas eleitas, as lideranças indígenas e as do MST ou MTST nunca têm espaço, ao passo que a direita e extrema direita toda são convidadas a falar e viram notícia, numa propaganda descarada maldisfarçada”, avaliou Jean.
“Aí, quando alguma voz da esquerda, por ressentimento, ideologia cega ou ‘utopia’ dão margem a ataques a Lula e ao PT, sobretudo em eleições, ela automaticamente se torna fonte da imprensa corporativa; vira ‘notícia’ em suas redes, passam a ser ‘ouvidas’”, continuou.
“O objetivo da imprensa corporativa é, com isto, sabotar a frente ampla democrática e colocar o campo da esquerda em luta fratricida para impedir a vitória de Lula e Alckmin já no primeiro turno. E nós sabemos que foi esta mesma imprensa que ajudou a eleger Bolsonaro”, relembrou.
“Então, em minha avaliação, essas figuras da esquerda pinçadas cirurgicamente pela imprensa corporativa para executar sua sabotagem à frente ampla democrática estão mais interessadas em suas teorias e leituras do marxismo quando não em sua vaidade do que no povo em sofrimento”, considerou Jean.
“Com o risco real de um golpe por parte do fascista Bolsonaro e dos militares de seu governo, fazer declarações públicas que desestimulem o voto em Lula já no primeiro turno não passa de irresponsabilidade e apoio indireto a Bolsonaro, já que só Lula pode derrotá-lo”, completou.
O que diz Rita von Hunty
Segundo Rita von Hunty, o “cenário político do é o que tem para hoje não pode se normalizar” e vai exigir, para as eleições deste ano, “muita postura crítica e muita capacidade de organização”. Na publicação, ela também disse acreditar em um “voto radical no primeiro turno” para “mostrar nossa recusa e insatisfação a esta chapa”, ao se referir a Lula e ao ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSB).
A influenciadora também mencionou os perfis do PCB e da UP, que lançaram Sofia Manzano e Leonardo Péricles, respectivamente, como pré-candidatos à Presidência, e pediu que seus seguidores os acompanhassem. Às duas siglas, ela também colocou seu perfil à disposição.