Além de ser afastada do trabalho, Mariana é investigada pelo CRM-PR por causa das publicações ofensivas. A médica disse reconhecer o erro de suas publicações sobre o ocorrido em seus plantões, mas alega que a forma de indignação foi pensando no bem-estar geral de todos: "amo minha profissão e meu contato diário com os pacientes"
A prefeitura de Almirante Tamandaré (PR) afastou a médica Mariana de Lima Alves de suas funções em uma UPA após a profissional de saúde viralizar nas redes com xingamentos contra os próprios pacientes.
SAIBA MAIS: Médica reclama de paciente com infecção urinária e gera revolta nas redes
Em nota divulgada nesta quarta-feira (25), a médica pede desculpas e justifica que agiu movida por cansaço e estresse. “As mensagens foram escritas em desabafo em momento de estresse e cansaço. […] Entendo que todos mereçam ótimo tratamento e foi assim que sempre agi, porém, sempre me preocupei que pessoas com sintomas que deveriam ser tratados em UBS e serviços ambulatoriais pudessem causar filas que gerassem risco ao atendimento de pessoas em situações de urgência/emergência”, afirmou.
Além de ser afastada do trabalho na UPA, Mariana é investigada pelo CRM-PR (Conselho Regional de Medicina do Paraná) por causa das publicações.
Nesta semana, internautas ficaram indignados com comentários ofensivos da médica nas redes e o caso viralizou. A postagem mais recente é de sábado (21), em que a médica afirma que o paciente tem que ser “muito filha de uma p***” para ir à 1h da manhã no pronto-socorro por infecção urinária. Não tem outra expressão para descrever”.
Outra imagem mostra a mesma conta criticando gestantes, no dia 17 de maio às 14h14. “As gestantes são tudo referenciadas de maternidade porta aberta e vem para a UPA [Unidade de Pronto Atendimento] quando começa a parir. P*** que pariu, mulher. Me deixa em paz”, escreveu ela.
No dia 11 de maio, às 15h27, outra publicação também chamou atenção dos usuários das redes sociais. “Hoje o paciente virou para mim e disse: ‘O meu problema é que eu tenho duas amígdalas’. Amígdalas is the new [é o novo] ‘eu tenho tireoide'”, publicou Mari Lima.
Em abril, no dia 17, às 9h14, ela ainda comentou: “Qual a tara de vir no pronto-socorro num feriado por uma coisa que você já tá sentindo há mais de 30 dias.”
Mariana foi contratada por meio de uma empresa terceirizada, para realizar plantões médicos todas as terças-feiras na UPA da cidade. Ela deletou seu perfil nas redes após a repercussão de suas manifestações. Confira a nota divulgada pela médica:
Venho aqui me desculpar pelas mensagens escritas no meu twitter sobre os meus plantões realizados no pronto socorro médico. As mensagens foram escritas em desabafo em momento de estresse e cansaço.
Peço desculpas, principalmente porque amo minha profissão e meu contato diário com os pacientes. Atendo a todos que comparecem no pronto-socorro com o máximo cuidado, dedicação e respeito, sempre buscando o melhor tratamento para os sintomas apresentados.
Reconheço ter errado, especialmente pela forma como escrevi as mensagens, mas ressalto que a forma de indignação foi pensando no bem estar geral dos pacientes. Entendo que todos mereçam ótimo tratamento e foi assim que sempre agi, porém sempre me preocupei que pessoas com sintomas que deveriam ser tratados em UBS e serviços ambulatoriais pudessem causar filas que gerassem risco ao atendimento de pessoas em situações de urgência/emergência.
Também me preocupava, por exemplo, que gestantes pudessem ser melhor atendidas em uma maternidade, com todo o suporte, do que em um pronto socorro. Enfim, minha preocupação sempre foi o melhor atendimento de todos os pacientes, e reconheço que errei ao me manifestar da forma como fiz no meu Twitter.
Garanto que minhas manifestações, por outro lado, nada influenciaram na forma como eu atendi meus pacientes, o que fiz sempre com todo cuidado e cumprindo minha vocação para a medicina. Isso pode ser testemunhado também por meus colegas de trabalho, a quem agradeço pelo apoio que têm me dado neste momento.
Mariana de Lima Alves, médica