Aventura interrompida de maneira trágica: dirigindo um fusca, jovem de 29 anos rodava o mundo com seu cachorro e tinha milhares de seguidores nas redes que acompanhavam o dia a dia de sua jornada. Em sua biografia no Instagram, Jesse Koz usava a frase “Ou se morre como herói, ou vive-se o bastante para se tornar o vilão”
Jesse Koz, de 29 anos, e o cachorro Shurastey morreram na última segunda (23) em um acidente de carro na estrada US 199, conhecida como Redwood Highway a cerca de 1,6 quilômetros da cidade de Selma, no estado americano do Oregon. O jovem paranaense dirigia seu fusca branco 1978 quando colidiu contra um Ford Escape.
A motorista do outro veículo, Eileen Huss, de 62 anos, foi encaminhada ao hospital, segundo informações da KDRV, filiada local da emissora ABC. A criança que a acompanhava não ficou ferida; já o brasileiro morreu no local. Jesse teria tentado desviar da lentidão do trânsito e perdeu o controle do veículo, ainda de acordo com o canal KPTV, filiada da Fox.
No sábado (21), Jesse contou aos seguidores que estava na cidade de Grants Pass, se preparando para entrar no Canadá e partir rumo ao Alasca. A cidade fica a cerca de 41 horas do destino final. “Agora deixa eu preparar meu café da manhã, desarmar a barraca pra gente poder seguir viagem!”, escreveu.
A viagem fazia parte de um projeto, chamado “Shurastey or Shuraigow?”, uma adaptação inspirada na música “Should I Stay or Should I Go” (traduzido do inglês Devo Ficar ou Devo Ir), sucesso da banda The Clash. No Instagram, quase 500 mil pessoas acompanhavam as aventuras diárias do trio Jesse, Dodongo, como era chamado o fusca, e Shurastey.
Comoção
Amigos, políticos e famosos lamentaram nas redes sociais a morte de Jesse Koz, que estava na estrada desde 2017. Em uma rede social, Fernanda Tavares, amiga próxima de Jesse, agradeceu o carinho recebido dos seguidores do aventureiro. “Infelizmente, o Jesse e o Shurastey viajaram pra sempre! Tá muito difícil! Obrigada pelos sentimentos e carinho recebidos! Mas a verdade é essa”, escreveu.
A amiga de Jesse terminou a publicação sugerindo que os seguidores façam o que Jesse ensinou durante a jornada pelos países: “Vamos viver, viajar, aproveita a vida, pois ela é apenas um sopro”, destacou.
No Twitter, o senador de Santa Catarina Esperidião Amin (PP) também lamentou a morte de Jesse e do cachorro Shurastey. “Um trágico acidente tira a vida de um jovem sonhador e do seu querido amigo. Que todos estejamos em oração neste momento de tanto sofrimento”, escreveu.
Alguns famosos fizeram postagens lamentando a morte da dupla de forma tão trágica. O ex-piloto de Fórmula 1, Rubens Barrichello comentou: “Meu Deussss q coisa mais triste… RIP amigo. Foi um prazer conhecer vcs dois. Sinto muitissimo❤️”. O apresentador Celso Portiolli também lamentou: “Não é possível. 😭😭😭😭 Que tristeza.”
Jesse Koz
Jesse afirmou que uma das principais motivações para continuar a viagem era o seu cachorro. “Acho que se estivesse sozinho, sem o Shurastey, já teria parado, porque a parte emocional pega muito. Você não tem contato com outras pessoas, não conversa com ninguém e ele me dá esse suporte emocional. Fora que me abre portas: quebra o gelo e o medo das pessoas virem conversar, trocar uma ideia e perguntar sobre a viagem.”
Jesse começou sua viagem de Florianópolis, em Santa Catarina, até o Ushuaia, “o fim do mundo” na Argentina. Depois, em uma aventura pelo Brasil e, em seguida, explorando a América Latina. Há dois anos, ele tentava realizar outro sonho — levar o seu fusca Dodongo até o Alasca, nos EUA.
“Serão mais de 4 anos de viagem, vivendo dentro de um fusca. Considerava retornar por não estar viajando com um carro totalmente seguro. Agora, com a reforma e o Dodongo ficando mais confortável e oferecendo mais segurança, talvez eu ganhe um ânimo para viajar mais um pouco, antes de voltar ao Brasil para escrever um livro, descansar e planejar a próxima aventura”, disse o jovem em 2020.
Jesse e Shurastey conheceram 17 países e percorreram mais de 85 mil quilômetros juntos. Em seu perfil pessoal no Instagram, Jesse Koz usava a frase “Ou se morre como herói, ou vive-se o bastante para se tornar o vilão”.