ELEIÇÕES 2022

Bolsonaro diz que pode participar de debate no 2º turno, mas sugere “perguntas pré-acertadas”

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Em tempos de fake news, Bolsonaro quer debates de mentirinha: além de rejeitar participação nos eventos no 1º turno, presidente sugere receber as perguntas antes e submetê-las a seus assessores

Bolsonaro em entrevista ao programa do Ratinho

Em entrevista à Rádio Massa, do apresentador Ratinho, o presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que só pretende participar de debates em um eventual segundo turno da eleição. “No segundo turno eu vou participar. Se eu for para o segundo turno, devo ir né, vou participar”.

Caso aconteça um segundo turno na disputa presidencial, Bolsonaro enfrentaria o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que lidera as pesquisas divulgadas até o momento.

Bolsonaro explicou que ainda irá “pensar” sobre a ida ou mais debates durante o primeiro turno, mas que não deve assim agir por medo de se tornar o alvo preferencial de todos os concorrentes.

“No primeiro turno, a gente pensa [se participa ou não]. Por que? Se eu for, os dez candidatos ali vão querer a todo o tempo dar pancada em mim e eu não vou ter tempo de responder a eles. Um vai fazer pergunta para o outro e vão dar pancada em mim.”

O pré-candidato do PL deu a entender que poderia rever o posicionamento caso as perguntas nos debates realizados no primeiro turno fossem acertadas antecipadamente. “Então, nós vamos analisar isso, porque acho que debate teria que ser com perguntas pré-acertadas antes com os encarregados de fazer o debate, até pra não baixar o nível.”

“Na prática, Bolsonaro quer receber as perguntas antes e ter tempo de submetê-las a seus assessores, que provavelmente redigiriam as respostas. Digamos, um debate fake”, avaliou o jornalista Tales Faria.

“Trata-se de um raciocínio lógico em se tratando de Bolsonaro. Se ele tiver que responder de improviso, muito provavelmente vai baixar o nível do debate. Não é mesmo? Pode ocorrer de o presidente sair-se com aqueles palavrões que profere em algumas solenidades, quando tenta explicar por que a inflação está tão alta, o que há com o preço do diesel e do petróleo, ou qual o motivo de ter assinado indulto contra a condenação de Daniel Silveira”, continuou Tales.

“Mas alguém tem que explicar ao presidente que o debate franco de ideias é o cerne de uma democracia. Não há necessidade de xingamentos ou de baixar o nível. Mas pressupõe polêmica, choque de ideias para que se possa extrair uma conclusão, escolher o melhor caminho. Bolsonaro quer fugir disso”, acrescentou o jornalista.

Em 2018, ano em que ganhou a disputa pelo Palácio do Planalto, Bolsonaro também optou por não comparecer aos debates realizados durante o pleito. Após a facada, enquanto recusava convites para debates, Bolsonaro dava entrevistas à imprensa, gravava programas eleitorais e havia participado de ao menos um evento com apoiadores no Rio de Janeiro.

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