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Ex-princesa do Qatar é encontrada morta dentro de casa na Espanha

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A morte da princesa acontece em meio a uma longa batalha judicial que já dura 10 anos contra o ex-marido. Nas redes sociais, ela fazia posts com críticas ao príncipe, a quem acusava de ser violento, ciumento e de ter abusado de uma das três filhas do casal

Kasia Gallanio foi encontrada morta em sua casa em Marbella (Imagem: Instagram)

A ex-princesa Kasia Gallanio, de 45 anos, foi encontrada morta no último domingo (29) em sua casa na cidade de Marbella, na Espanha. A mulher foi casada com Abdelaziz bin Khalifa Al Thani, tio do emir do Qatar. O corpo da ex-princesa foi encontrado após sua filha mais nova, que mora em Paris, entrar em contato com a polícia espanhola, pois tentou sem sucesso se comunicar com a mãe durante vários dias.

A vítima foi achada morta em cima da cama, sem sinais de violência. Informações iniciais apontam que Kasia teria sofrido uma overdose por uso de substâncias, mas a autópsia ainda não foi realizada, segundo o Mirror.

A morte de Kasia acontece em meio a uma longa batalha judicial, que já dura 10 anos, contra o ex-marido. Nas redes sociais, ela fazia posts com críticas ao príncipe, a quem acusava de ser violento, ciumento e de ter abusado de uma das filhas do casal.

Abdelaziz é ex-ministro do governo do Qatar e se mudou para a França em 1992, onde vive desde então. A suspeita é que ele tenha sido forçado ao exílio após tentar dar um golpe de Estado contra o líder do Qatar na década de 90.

Kasia e Abdelaziz se casaram em 2004 e tiveram três filhas, duas adolescentes gêmeas, de 17 anos, e outra, de 15 anos. A ex-princesa, que tinha dupla nacionalidade americana e polonesa, vinha tentando retirar a guarda das três garotas do pai desde a separação deles, em 2012.

Segundo o jornal francês Le Parisien e o espanhol El País, a morte de Kasia ocorreu semanas após ela denunciar o ex-companheiro por violência sexual contra a filha mais velha.

Em abril, uma das adolescentes teria relatado à mãe que foi vítima de agressão sexual pelo pai quando tinha entre 9 e 15 anos. Um inquérito foi aberto para a investigação da denúncia.

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Natural de Los Angeles, Kasia travava uma dura batalha judicial com ele pela custódia das filhas do casamento, “em um contexto de acusações de cunho sexual incestuoso”, segundo o jornal francês Le Parisien, que aponta que o sistema de justiça da França havia recentemente negado o pedido de guarda e solicitado um teste psicológico pericial para, somente após isso, fazer a reanálise da solicitação da mulher.

Abdelaziz bin Khalifa Al-Thani, que tem 73 anos atualmente, nega as acusações. Ele já declarou que a ex-companheira teria transtornos psicológicos e era alcoólatra.

“Minha cliente ficou arrasada com essa decisão [da justiça]. Acho que, acima de tudo, ela morreu de luto”, disse Sabrina Boesch, advogada de Kasia.

A advogada está na Espanha com as duas filhas mais velhas, de 17 anos, que tiveram de reconhecer o corpo da mãe nesta segunda-feira (30).

Incesto

No início deste ano, ela havia compartilhado uma reportagem na qual as filhas deram um depoimento ao Le Parisien, elogiando a coragem delas de falarem sobre o caso.

“Estou tão orgulhosa das minhas meninas por terem a coragem de falar diretamente com a imprensa. E serem corajosas para inspirar crianças que estão na mesma situação”, celebrou.

Ainda na sua conta no Instagram, onde publicava com frequência, ela fazia uma série de postagens comemorando o apoio que recebia nas disputas que tinha contra Al-Thani, a quem acusava de não pagar “um centavo de pensão alimentícia há mais de um ano para ajudar a sustentar e criar nossos filhos”.

“Não importa o quão bravo, chateado, ciumento ou rancoroso seja o pai das minhas filhas. Eu estou fazendo o que posso para prover, proteger, amar, criar, alimentar e educar as meninas como ninguém mais fará. Eu não sou perfeita, mas eu tento o meu melhor. As crianças NUNCA devem ser usadas como vítimas ou peões quando os pais não se dão bem”, desabafou.

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