Maior traficante do Brasil, Major Carvalho é preso na Hungria
Major Carvalho é conhecido na Europa como o 'Escobar brasileiro' e é considerado um dos maiores narcotraficantes do mundo em atividade. O ex-policial militar era procurado em 3 continentes e, desde 2017, enviou cerca de 45 toneladas de cocaína para a Europa, movimentando R$ 2,25 bilhões. O major chegou a contratar um conceituado esteticista para ajudá-lo a forjar a própria morte
via Josmar Jozino
A polícia da Hungria prendeu hoje Sérgio Roberto de Carvalho, o Major Carvalho, 63, também conhecido na Europa como “Escobar Brasileiro”. Ele é considerado um dos maiores narcotraficantes do mundo em atividade e procurado pela Interpol, a polícia internacional, em três continentes.
Carvalho foi preso em Budapeste, capital da Hungria. A notícia da detenção foi dada inicialmente pela imprensa portuguesa e confirmada pela coluna com o delegado da Polícia Federal do Brasil Sérgio Stinglin, responsável pela investigações sobre o Major Carvalho.
A Polícia Judiciária de Portugal, o equivalente à nossa PF, participou da prisão em Budapeste. Policiais informaram que o criminoso portava um passaporte mexicano falsificado. Ele não resistiu à prisão, de acordo com os relatos.
O apelido de Carvalho é uma alusão a Pablo Escobar, o megatraficante colombiano. Investigações da PF apontam que o Major Carvalho comandava uma grande organização criminosa responsável pelo envio de 45 toneladas de cocaína para a Europa, avaliada em R$ 2,25 bilhões, a partir de 2017.
A droga era enviada pelos portos de Paranaguá (PR), Santos (SP) e outras cidades do Sul e Nordeste. O destino dos entorpecentes eram os portos de Antuérpia (Bélgica); Gioia Tauro e Livorno (Itália); Hamburgo (Alemanha); Barcelona e Algeciras (Espanha), Lisboa (Portugal) e Le Havre (França).
Ex-major da Polícia Militar do Mato Grosso do Sul, Carvalho driblou por diversas vezes as autoridades europeias e fugiu, certa ocasião, de Lisboa, em Portugal, em avião próprio. Ele até deixou para trás 11 milhões de euros escondidos em uma van deixada em um apartamento na capital portuguesa.
O criminoso tinha também o hábito de usar a aeronave particular para viajar com frequência até Dubai, nos Emirados Árabes. A Polícia Federal do Brasil apurou que ele criou naquele país uma empresa denominada PWT General Trading.
O “Escobar Brasileiro” chegou a ser preso em agosto de 2018 com o nome falso de Paul Wouter. Foi acusado de ser dono de 1.700 quilos de cocaína apreendidos em um navio na Espanha.
Porém, o narcotraficante pagou uma fiança de 200 mil euros e saiu livre. Ao saber que o Ministério Público da Espanha iria pedir a condenação dele a 13 anos e seis meses de prisão, Carvalho armou um grande e ousado golpe: ele forjou a própria morte.
O conceituado esteticista Pedro Martin Matos, de Málaga, assinou o atestado de óbito do criminoso. No documento, ao qual a reportagem teve acesso, consta que a morte ocorreu às 10h50 de 20 de agosto de 2020 e que o corpo havia sido cremado. O médico é investigado.
Além do narcotráfico, a lavagem de dinheiro era outra especialidade do Major Carvalho. Para branquear capitais, o narcotraficante fretou um cargueiro carregado de materiais usados para combater a pandemia de coronavírus.
O Boeing 747-400F, carregado com 400 toneladas pousou no aeroporto internacional de Florianópolis em 11 de junho de 2020, proveniente da China. Havia 25 anos que uma aeronave desse porte não aterrissava na capital catarinense.
O avião estava carregado com 10 milhões de máscaras de proteção contra o coronavírus e materiais hospitalares também chamados de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual). As informações eram de que os produtos tinham sido adquiridos por um importador privado.
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