Educação

A obrigatoriedade do espanhol e a integração latino-americana

Share

Danilo Espindola Catalano*

A lei de obrigatoriedade do espanhol, veio a ser pensada principalmente por dois fatores. O primeiro é possibilitar aos estudantes do nível médio e fundamental uma nova possibilidade de escolha de língua estrangeira para os estudantes. O segundo, que tem base com a ideia do fato de ser impossível dar aula de línguas sem estar vinculada a sua cultura, que é o maior conhecimento da região, o que pode resultar em uma maior integração regional.

Estes pontos são alguns dos principais, que integram outros inúmeros, que podemos pensar em se tratando desta lei de autoria do deputado federal Felipe Carreiras (PSB-PE) e o senador Humberto Costa (PT-PE), como resultado de uma luta incansável do Movimento Fica Espanhol.

Mesmo que o novo ENEM, tenha repercutido a saída do espanhol da prova mais importante do país, o que pode trazer um conflito ao ensino desta língua, por muitos estudantes acreditarem no ensino escolar apenas e unicamente para o ingresso a universidade.

O espanhol sempre foi uma língua vista em segundo plano, principalmente pela visão pejorativa de que ela é o mesmo que o português. O que vem atrelado ao fato da falta de interesse do país em se ver como parte da América Latina, por se sentir alheio ao resto da região por falar uma língua distinta da maioria dos países que a integram.

Por isso, de alguma forma, seria possível, que o ensino de espanhol, possa ser um ponto inicial, não somente para o brasileiro finalmente se perceber parte do continente, para consolidar “efetivamente a integração latino-americana”.

Leia aqui todos os textos de Danilo Espindola Catalano

O principal argumento do senso comum brasileiro para a falta de integração com o Brasil é o fato da diferença de língua, são questões irônicas, pois ao mesmo tempo, que é comum este argumento, ele se conflitua com o argumento anterior que aludimos, sobre o espanhol ser fácil, porque é igual ao português. Parece mais duas desculpas esquizofrênicas para deixar de lado e marginalizada esta questão.

Conhecer a cultura do próximo e entender seus costumes para que pensamentos pejorativos sejam sanados, assim como a xenofobia com os bolivianos em São Paulo ou ate mesmo a ideia de que os produtos paraguaios são ruins, o que e resultado da Guerra da Tríplice Aliança que destroçou o pais.

Assim podemos concluir, que a obrigatoriedade do espanhol de maneira universal no pais, terá um beneficio a integração latino-americana, tanto no âmbito individual como para os brasileiros, por possibilitar uma melhor inter-relação social, econômica, politica e cultural, que terá resultados benéficos para todo o povo da América Latina e aos países que a integram.

*Danilo Espindola Catalano é escritor, pesquisador e professor de espanhol, dedicado a passar a cultura latino-americana aos seus alunos. Graduado em Sociologia e Política pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, pós-graduando em Metodologia do Ensino da Língua Espanhola e Especializando em Educação e Cultura pela Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais Brasil.

→ SE VOCÊ CHEGOU ATÉ AQUI… considere ajudar o Pragmatismo a continuar com o trabalho que realiza há 13 anos, alcançando milhões de pessoas. O nosso jornalismo sempre incomodou muita gente, mas as tentativas de silenciamento se tornaram maiores a partir da chegada de Jair Bolsonaro ao poder. Por isso, nunca fez tanto sentido pedir o seu apoio. Qualquer contribuição é importante e ajuda a manter a equipe, a estrutura e a liberdade de expressão. Clique aqui e apoie!