Advogado implorou pela vida ao sair de aniversário: "Por favor, não me mate"
"Era uma figura gentil, tranquila, um pacificador como nós costumamos dizer na universidade", diz colega da vítima. Testemunha diz que jovem de 27 anos implorou para não morrer
O advogado Victor Stephen Coelho Pereira, de 27 anos, foi morto de maneira cruel na última sexta-feira (22). O rapaz foi vítima de um ataque criminoso na estação Saara do VLT, no centro do Rio de Janeiro.
Segundo uma testemunha, ele implorou pela vida no momento em que foi esfaqueado por um homem forte, vestido de calça e casaco: “Por favor, não me mate“.
Durante o ataque, Victor foi agredido e, já no chão, acabou esfaqueado. De acordo com a polícia, quando os agentes encontraram o corpo do advogado, o celular e a carteira não estavam no local. Imagens mostram que o homem tira objetos dos bolsos da vítima.
Pelas imagens é possível perceber que Victor tenta fugir do ataque, mas é agredido pelo criminoso. Ele chega a conseguir se desvencilhar, mas é novamente alcançado. De acordo com a testemunha, que não quis se identificar, o rapaz implorou para não ser espancado. Imediatamente o 190 foi acionado.
Antes do crime, Victor estava na comemoração de aniversário de um amigo. Ele havia partido do escritório de advocacia em que trabalhava, ido à festa na Praça Tiradentes e saído do encontro antes da meia-noite em razão da falta de segurança na região. O crime foi registrado às 23h58.
Depois de espancar e esfaquear o jovem, o criminoso fugiu. Para tentar não ser captado pelas câmeras de segurança dos estabelecimentos comerciais da Saara, o homem andou colado aos portões das lojas e olhando para baixo.
Tristeza
Nas redes sociais, amigos e familiares do advogado lamentaram a perda. “Victor, querido, te vi menino com seu lindo sorriso, te vi adolescente com toda a energia desta fase, agora se tornando homem, mas continuando sempre com o sorriso maroto, amigo de seus amigos. Siga seu caminho de luz e conte sempre com minhas orações daqui. Dizer adeus é muito difícil, ainda mais para um jovem como você, mas minha fé me faz crer que te encontrarei de novo”, escreveu uma amiga no perfil do jovem em uma rede social.
O corpo de Victor foi sepultado no fim na manhã desta segunda-feira (25) no Cemitério do Caju, na Zona Norte do Rio. No enterro, palmas, flores e homenagens para o advogado, considerado por pessoas próximas como sendo alguém gentil e um pacifista nato.
O bacharel em Direito João Chamarelli, de 36 anos, e Victor fizeram universidade juntos. Segundo ele, o amigo era uma figura afável, uma “unanimidade” entre os amigos. “Era uma figura gentil, tranquila, um pacificador como nós costumamos dizer na universidade”, disse.
Amigos, colegas e professores de Victor o definem como uma pessoa gentil. “Sempre atuante, sabe? Um pacifista nato. Defendia todas as causas contra a violência”, disse João Chamarelli.
Victor tinha se formado em 2020 pela Universidade Cândido Mendes. Além de trabalhar em um escritório, ele planejava em breve publicar o trabalho de encerramento de curso.
“Nos falamos há pouco, no mês passado. Eu já estava aqui organizando o TCC dele para a gente publicar numa revista lá em São Paulo”, afirmou Alexandria Alexim, professora de Victor.
A professora define o trabalho deixado por ele como “magnífico.” Segundo Chamarelli, o trabalho de Victor tratou de conflitos humanitários. Até a publicação desta matéria, o assassino ainda não foi identificado.
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