Redação Pragmatismo
Esporte 06/Jul/2022 às 05:22 COMENTÁRIOS
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Além dos supostos benefícios, também há que pensar nos perigos da SAF

Publicado em 06 Jul, 2022 às 05h22
Além supostos benefícios, também pensar perigos SAF
Imagem: Unsplash

A lei 14.193/2021, sancionada em agosto de 2021, refere-se à Sociedade Anônima de Futebol ou SAF como é mais conhecida. Com ela, fica autorizado aos clubes de futebol brasileiros deixarem de ser associações sem fins lucrativos se transformarem em clubes-empresas.

Os torcedores, cansados de ver seus clubes em dificuldades financeiras e gerenciados por cartolas da área, acreditam que agora sim, seus clubes serão fortes. Ou então que terão todos os seus problemas resolvidos.

SAF e Brasil

Essa a impressão divulgada através dos cronistas esportivos: os clubes que virarem SAF estarão na frente dos outros e poderão brilhar nas competições.

Seria preciso observar com mais atenção que muitos dos grandes clubes europeus não adotaram o sistema SAF. Mas nem por isso, deixaram de ser associações esportivas muito bem geridas e competitivas.

No caso de grandes equipes europeias que se tornaram empresas e obtiveram sucesso em campo, a grande maioria delas foi comprada por bilionários. O Arsenal F.C., por exemplo, tem como principal proprietário a família Kroenke, dona de franquias da NFL e NBA e ainda herdeira da rede Wal-Mart.

Há também quem optou pela SAF e se deu muito mal como o Parma, que perdeu sua parceria e foi obrigado a decretar falência. Além disso, foi obrigado a recomeçar na 4ª divisão italiana. Já o Málaga, da Espanha, após a desistência de seu proprietário acabou na 2ª divisão ou ainda o Belenenses de Portugal e outros.

Em comparação com o exterior, nossos clubes são baratos devido ao dólar forte e os investidores veem uma boa oportunidade de ganhar dinheiro com nosso futebol.

O que precisamos colocar na balança são os prós e contras desse tipo de negócio. O Cruzeiro, Botafogo e Vasco que foram os primeiros clubes a aderir as SAFs e esperam grandes resultados não só em campo como também organizacional.

Um considerável número de clubes está em crise financeira e sem capacidade de investir em grandes contratações. Aliás, muitas delas não possuem nem mesmo o suficiente para pagar dívidas monstruosas, principalmente impostos e dívidas trabalhistas.

Pontos de atenção em relação à SAF

A escolha de ser SAF ou não deve ser muito bem analisada. Um clube-empresa visa lucro. Portanto, ele não pensa prioritariamente na paixão dos torcedores ou na história do clube, o interesse final é o lucro.
Não adianta os cartolas exigirem que o escudo do clube ou seu hino não seja mudado. Afinal, o problema é muito maior.

Poderemos ver jogadores de futuro sendo vendidos antes mesmo de jogarem na equipe principal e investimentos insignificantes em contratações se assim os proprietários o desejarem.

Nada impede que daqui alguns anos o investidor, não obtendo o retorno esperado, simplesmente feche as portas ou ainda deixe o clube ir à falência.

Certamente, teremos uma elitização do futebol. Aliás, isso já vem acontecendo com as novas arenas onde os valores dos ingressos não refletem a nossa realidade.

Além de tudo, uma pergunta muito séria ainda fica no ar, como por exemplo, o empresário John Textor. Hoje dono do Botafogo, Crystal

Palace da Inglaterra e do Molenbeek da Bélgica.

Ele acaba de adquirir o Lyon da França, um dos grandes clubes franceses. O que aconteceria se em uma Champions League tivéssemos a equipe do Lyon frente a frente contra a equipe do Crystal Palace brigando por uma vaga?

Há que pensar em todos os aspectos antes de acreditar que a SAF será a solução de todos os problemas.

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