Jair Bolsonaro

Bolsominions, uni-vos!

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O Bolsonarismo é absurdamente bizarro. Aparentemente são humanos, mas negam a vida e pregam a desumanidade das formas mais abjetas: racismo, machismo, homofobia, intolerância política, intolerância religiosa e toda sorte de preconceitos que podem até matar

(Imagem: Isac Nóbrega | PR)

Anderson Pires*

Sempre que penso no Brasil que Bolsonaro lidera e tenta transformar em absoluto, lembro de quando assistia os desenhos da Liga da Justiça e existia um Mundo Bizarro. Nesse planeta fictício a Terra era cúbica, com faces planas e os valores invertidos. Tudo aquilo que os super-heróis defendiam os bizarros pregavam o contrário.

Nos tempos de hoje, para usar uma das palavras da moda, o mundo de Bolsonaro poderia ser chamado de Brasil Disruptivo. Parece ficção, mas nesse mundo real os cristãos defendem a pena de morte e uso de armas. Educador propaga a ignorância e clube de tiro toma o lugar das bibliotecas.

A Terra é plana, Olavo de Carvalho o ideólogo e ambientalista acoberta tráfico de madeira e desmatamento ilegal. Na cultura nega-se a história, perseguem artistas, a censura é exaltada e o secretário quer investir em lutas de MMA. O negro é racista e a mulher acha correto ser castigada pelo marido. Meninas vestem rosa, meninos azul e quem pensar diferente precisa de cura.

A saúde nega a ciência, coloca em dúvida vacinas, estimula o contágio e distribui remédio para verminose e piolho destinados a cura da covid-19. A economia usa literalmente o termo como meta. Quem quiser que faça mais furos no cinto para apertar as calças, afinal, comer é luxo e quem mandou esbanjar indo para Disney.

O Bolsonarismo é absurdamente bizarro. Aparentemente são humanos, mas negam a vida e pregam a desumanidade das formas mais abjetas: racismo, machismo, homofobia, intolerância política, intolerância religiosa e toda sorte de preconceitos que podem até matar. O patriotismo que os estrelados militares gostam de exaltar é completamente falso. Entre garantir os interesses dos brasileiros e o lucro de acionistas internacionais da Petrobras, sabemos qual a escolha.

Pois é, mas como democrata que sou, defendo que os seguidores de Bolsonaro tenham seu espaço respeitado. Não adianta tentarmos debater senso democrático, Estado de Direito e limites mínimos de convivência em sociedade com esse grupo. No mundo que defendem isso é cerceamento da liberdade. Sendo assim, a saída está na criação do Estado Neopentamiliciano Bolsonarista. A Terra Prometida para união de todos que seguem e propagam as crenças e valores do presidente.

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Seria um mundo perfeito. Um lugar onde não seriam obrigados a conviver com shows do Chico Buarque, manifestações da Anitta e Pablo Vitar de apoio ao Lula, nem teriam que esbarrar com multidões na Parada Gay. A preservação do meio ambiente deixaria de ser problema. O local ideal para essa nova nação, a região Centro-Oeste. Acredito que seja justo, levando em consideração que representam cerca de 30% do eleitorado e adoram breganejo. Ainda lhes pouparia muito trabalho com desmatamento, já que a turma do agronegócio adiantou bem o serviço.

As igrejas não precisariam mais fazer lobby por isenção e perdão dos impostos devidos. As lojas Havan com fachada neoclássica e a estátua da liberdade seriam tombadas pelo Patrimônio Histórico. A Jovem Pan assumiria a transmissão oficial do rádio e TV e cenas de assassinato e estupro veiculadas sem tarjas ou qualquer artifício que falsei a realidade.

As Forças Armadas passariam a ser um poder e o parlamento transformado num grande clube, onde o Centrão se reuniria para dividir o bolo do orçamento explícito. As festas regadas com boa bebida, picanha do Mito, muito leite condensado na sobremesa e farta distribuição de Viagra.

O cartão corporativo liberado para que a as necessidades presidenciais e dos seus amigos fossem atendidas sem limites ou sigilo. Uma nação sem corrupção não tem o que esconder.

As divergências seriam resolvidas na bala, sem o judiciário para interferir. O sagrado direito de portar e usar armas garantido a todos com mais de 12 anos e consequente maioridade penal. Cartuchos e armas a venda sem restrições. Será mais fácil que comprar pão. A fome deixaria de ser um problema do Estado e quem morrer devido a falta de méritos para subsistir, paciência, isso quem cuida é o coveiro.

A Terra do Mito será o espaço da pureza e das boas intenções. Um mundo maravilhoso dividido por azul e rosa sem conflitos sociais, visto que tudo é providência divina e, assim, deve ser aceito.

Se um dia Marx conclamou os trabalhadores do mundo a se unirem contra a exploração capitalista e não teve sucesso, Bolsonaro pode dar exemplo e mostrar que, ao contrário dos esquerdopatas, é capaz de unir seus seguidores em uma nação guiada por Deus, onde a prosperidade reinará em terras planas.

*Anderson Pires é formado em comunicação social – jornalismo pela UFPB, publicitário, cozinheiro e autor do Termômetro da Política.

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