ELEIÇÕES 2022

Bolsonaro tenta reverter voto dos jovens e pede para pais convencerem filhos

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Pesquisa revelou que Lula tem 51% entre os jovens de capitais, contra apenas 20% de Bolsonaro. Presidente tem pedido insistentemente para que pais convençam os filhos e alega que Lula irá limitar o uso de redes sociais: "Falem para os filhos de vocês, quem está garantindo o teu celular funcionando é o presidente"

Por Bruno Boghossian

Jair Bolsonaro tem um plano peculiar para contornar o mau desempenho de sua campanha entre os mais jovens. Em pelo menos três eventos nas últimas semanas, ele pediu que os pais tentem convencer os filhos a votarem nele, não em Lula. Como argumento, o presidente insinuou que o petista vai limitar o uso de redes sociais.

“É chegar para o mais jovem e falar: ‘Olha, quem está garantindo o teu celular funcionar é o presidente. Será que do outro lado alguém quer controlar a mídia?’. É só mostrar para o garoto”, afirmou Bolsonaro, durante um encontro da Assembleia de Deus em Juiz de Fora (MG). “Falem para os filhos de vocês.”

A campanha do presidente tem motivo para preocupação. A maior vantagem de Lula sobre Bolsonaro nas pesquisas está nessa fatia do eleitorado. No grupo de 16 a 29 anos, o petista bate o presidente por 31 pontos no primeiro turno, segundo a última pesquisa do Datafolha. Só 13% desses jovens fazem uma avaliação positiva do governo federal.

Essa faixa etária representa mais de 37 milhões de votos em disputa neste ano, cerca de 24% do eleitorado. São brasileiros que tinham até 17 anos ao fim do governo Lula, mas têm demonstrado afinidade pela candidatura do petista até agora.

A campanha de Bolsonaro acredita que esse apoio não está consolidado. Pesquisas recentes já mostraram que quase 40% dos jovens admitem mudar de voto. A má notícia para o presidente é que seu índice de rejeição nessa faixa etária é de 67%, contra 32% de Lula.

O esforço para capturar eleitores apelando aos pais ou ao medo de perder o celular tem explicação: Bolsonaro não fala a língua de parte dos jovens. Eles apresentam uma adesão abaixo da média a posições conservadoras típicas do bolsonarismo e veem com simpatia a participação do Estado na economia.

Um sinal disso apareceu numa conversa de Bolsonaro com apoiadores na quinta-feira passada (21). Ele reclamou do que chama de doutrinação nas escolas e ironizou jovens que o responsabilizam pela falta de emprego. “Você tem que correr atrás”, disse.

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