Após show de retorno do Rage Against the Machine, "fãs" ficam chocados ao descobrirem que banda fala de política. Modelo brasileira virou alvo de piadas e comentários irônicos que lembraram que a política sempre esteve no centro das apresentações do grupo
Uma reportagem publicada pela revista “Rolling Stone” que destacava a surpresa de alguns ‘fãs’ dos EUA ao descobrirem que a banda Rage Against the Machine trata de temas políticos também reverberou no Brasil.
A polêmica, que chegou aos assuntos mais comentados do Twitter, começou quando a modelo brasileira Ellen Jabour comentou o conteúdo e criticou o “tom político” dos shows de Rage Against e do músico Roger Waters.
“Não gosto de shows que falam sobre política. Transformam um momento que era pra ser de unificação, em segregação. O clima fica péssimo pois as pessoas pensam diferente umas das outras e começam a se estranhar, e até mesmo a se agredir! Vivi isso no show do Roger Waters e foi uó”, desabafou Ellen.
Ellen imediatamente virou alvo de críticas e piadas que lembravam que a banda americana e o cantor inglês sempre falaram do assunto nas músicas e nos shows.
“Pensando no cara que sai de casa achando que a banda chamada ÓDIO CONTRA O SISTEMA (ou fúria contra a máquina, em tradução literal) é de um grupo de programadores de detesta o Windows”, diz um dos comentários no post da modelo.
“Inclusive, a música ‘Another Brick In The Wall’ (Outro Tijolo na parede) não tem nada a ver com política, não! Se trata apenas da história de vida de um pedreiro nascido no subúrbio de Londres”, diz outro comentário irônico.
Rage Against The Machine
A histórica banda Rage Against the Machine fez seu show de retorno em Wisconsin (EUA), no último dia 9 de julho. Na apresentação, os músicos exibiram mensagens que criticavam o fim da lei que garantia o direito ao aborto no país.
“Nascimento forçado em um país onde a mortalidade materna é duas a três vezes maior para mulheres negras do que para as brancas. Nascimento forçado em um país onde a violência armada é a principal causa de morte entre crianças e adolescentes. Abortem a Suprema Corte”, dizia uma das mensagens exibidas no telão do show.
No Facebook, um dos usuários afirmou que a banda havia “entrado pra turma da lacração”, enquanto outro escreveu que “eles realmente eram melhores quando deixavam a política de fora”.
Acontece que eles nunca deixaram a política de fora. Inspirado pela herança mexicana e a xenofobia vivida pelos integrantes, o Rage Against the Machine nasceu com letras de protesto. A banda usa o símbolo do Exército Zapatista de Libertação Nacional e nunca quis esconder suas posições políticas, como já disse o vocalista Zack de La Rocha:
“Estou interessado em divulgar essas ideias através da arte, porque a música tem o poder de cruzar fronteiras, romper cercos militares e estabelecer diálogos reais”.
Além de Zack, os outros membros da banda são Tom Morello (guitarrista), Tim Commerford (baixista) e Brad Wilk (baterista). Um dos maiores sucesso da banda, “Killing in the Name” é uma música que foi criada a partir dos protestos depois de mais um ato de violência policial contra um homem negro chamado Rodney King.
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