Internautas reclamam de anúncios de Bolsonaro no Youtube
Anúncios de Bolsonaro que entupiram as telas do Youtube nos últimos dias custaram R$ 742 mil. Presidente do TSE deu dois dias para o PL explicar os gastos. Vídeos conseguiram 81 milhões de visualizações em 72 horas e tinham mulheres, religiosos e sertanejos como alvo principal das peças
Internautas que acessaram o Youtube para assistir qualquer vídeo no último final de semana se depararam imediatamente com o rosto do presidente Jair Bolsonaro (PL) estampado na tela.
“Estava tentando assistir vídeos engraçados, para descontrair e esquecer um pouco os problemas. Mas ao dar ‘play’ em qualquer conteúdo, logo aparecia a figura de Bolsonaro. Cliquei em várias produções e sempre a mesma coisa, a saga se repetia”, disse um internauta ao Pragmatismo.
Nesta quarta-feira (27), o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Edson Fachin, deu dois dias para o PL (Partido Liberal) explicar o gasto de mais de R$ 742 mil com o impulsionamento de 15 anúncios em vídeo do presidente no Youtube.
A representação contra o PL no TSE foi realizada pela Federação Brasil da Esperança, que inclui o PT (Partido dos Trabalhadores), PCdoB (Partido Comunista do Brasil) e PV (Partido Verde). Apesar de o PT fazer parte da federação, a sigla também entrou com representação própria sobre o caso. De acordo com o despacho, os vídeos impulsionados conseguiram mais de 81 milhões de visualizações em 72 horas.
Na ação, a Federação Brasil da Esperança e o PT solicitaram que o TSE, através de liminar (decisão provisória), determine a “imediata interrupção do impulsionamento pelo representado dos conteúdos”. Eles ainda pediram a condenação do PL por meio do pagamento de multa estimada em R$ 1.484.000,00, valor que representa o dobro dos gastos com os impulsionamentos dos vídeos no Google Brasil. A representação ainda pede a investigação do uso do Fundo Partidário pelo PL.
Segundo Fachin, o pedido de liminar exige que seja “indispensável o exame mais detalhado do contexto fático exposto na inicial e dos fundamentos jurídicos subjacentes à pretensão” dos solicitantes.
“Faz-se imperioso, portanto, oportunizar a prévia manifestação do representado, estabelecendo-se o contraditório, inclusive para que seja viabilizada a possibilidade de justificação acerca da origem dos recursos financeiros despendidos com o impulsionamento dos conteúdos na plataforma do YouTube. De igual importância a coleta de manifestação da Procuradoria-Geral Eleitoral”, ponderou Fachin na determinação.
Além de mandar o Partido Liberal se explicar sobre o caso, Fachin também exigiu que Procuradoria-Geral Eleitoral também se manifeste sobre o caso. “Após [as manifestações], retornem os autos conclusos para análise”, concluiu o presidente do Tribunal Eleitoral.
“Percebe-se que o Partido Liberal gastou, por anúncio, uma média de R$ 49,5 mil, enquanto os demais partidos reunidos gastaram, por anúncio, uma média de R$ 2,2 mil: ou seja, impressionantes 22 vezes mais, por anúncio, que a média dos outros partidos”, dizem os advogados do PT.
Nos vídeos, Bolsonaro aparece ao lado da primeira-dama Michelle Bolsonaro, de alguns de seus filhos e de lideranças religiosas, como o pastor Silas Malafaia. Os vídeos dos anúncios são embalados pela dupla sertaneja Mateus e Cristiano. “Igual a ele nunca existiu. É a salvação do nosso Brasil. Ei, no mito eu ‘boto’ fé. É ele quem defende a nação e tem nossa bandeira no seu coração. É o capitão do povo”, diz o jingle entoado pelos músicos.
anúncio do bolsonaro no youtube e não dá pra pular que tortura psicológica é essa
— gabi (@lilacmoonm) July 23, 2022
O público alvo das peças publicitária de Bolsonaro são mulheres, religiosos e sertanejos. Os estados que mais foram atingidos pela campanha foram Estados Espírito Santo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo.
Vale lembrar que o Google permite que quem veicula publicidades políticas nas plataformas possam segmentar as mensagens por localização geográfica, idade e gênero e opções de segmentação contextual, como posicionamento do anúncio, temas e palavras-chave em sites.
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