Entre as medidas que o governo tomou nos últimos dias para ajudar a alavancar a popularidade do presidente Jair Bolsonaro, uma das mais esdrúxulas foi o decreto que obriga os postos de combustíveis a mostrar os preços que cobravam no dia 22 de junho
Chico Alves, em seu blog
Entre as medidas que o governo tomou nos últimos dias para ajudar a alavancar a popularidade do presidente Jair Bolsonaro, uma das mais esdrúxulas foi o decreto que obriga os postos de combustíveis a mostrar os preços que cobravam no dia 22 de junho. Não há nenhum benefício à população embutido nessa decisão. O objetivo claro é unicamente eleitoreiro: Bolsonaro faz questão de que os brasileiros lembrem que a redução do ICMS fez cair o preço dos combustíveis e pretende trazer para si os louros da mudança.
Nada é genuíno nessa formulação.
A limitação do ICMS foi decidida pelo Congresso e quem vai pagar a conta serão os governos estaduais e as prefeituras, que perderão recursos destinados a educação e saúde. Além disso, a não ser que o presidente obrigue a Petrobras a segurar artificialmente os aumentos dos combustíveis, essa baixa é episódica.
Mas já que o precedente foi aberto, sugerimos um outro decreto, similar ao dos postos. Que tal colocar placas informativas nos mercados e supermercados, para que o consumidor também tenha noção da evolução dos preços dos alimentos?
Assim, o freguês saberá que a caixa de leite, que em alguns estabelecimentos está sendo comprada por quase R$ 10, teve desde janeiro alta de 28,5%.
Constatará que o preço da carne subiu o dobro da inflação nos últimos dois anos.
Verá que o feijão carioca ficou 29,61% mais caro em um ano e o frango em pedaços disparou 22,14% no mesmo período.
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Para a alta dos alimentos, Bolsonaro parece não ter nenhuma proposta além de pedir aos donos de supermercados que não subam o preço.
Não conseguiu. Foi esse fator que puxou a inflação de junho, acumulando 11,89% nos últimos 12 meses.
É justamente a inflação que deve corroer boa parte dos benefícios que o governo vai conceder por meio da PEC de R$ 41 bilhões, uma das maiores gambiarras da história do Legislativo.
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Por esse resultado negativo, o governo nunca obrigaria supermercados a afixarem placas comparativas de preços dos alimentos.
Mesmo sem o acessório, aqueles que pagam a conta sabem muito bem a quem atribuir a responsabilidade sobre a carestia que suga boa parte do salário.
Por isso, em vez de se preocupar em pendurar placas nos pontos de venda a três meses da eleição, o presidente deveria ter-se dedicado a implantar nos últimos anos uma política econômica para efetivamente baixar o custo de vida. Nem que fosse por mero interesse eleitoral.
Como isso não foi feito, até mesmo alguns aliados de Bolsonaro temem que medidas improvisadas como as placas e a chamada PEC dos Auxílios tenham chegado tarde demais.
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