Nordestino é agredido no metrô do Rio e polícia fala em xenofobia
Espancado sem motivo aparente quando voltava para casa, trabalhador teve traumatismo craniano: "Não conhecia o cara, não conhecia a mulher. Pra mim foi uma coisa sem explicação. Eu estava de cabeça baixa e jamais iria esperar uma agressão surpresa e gratuita". Vítima está com uma placa no rosto e não morreu por pouco
No último dia 7 de junho, às 23h, o sushiman Paulo Vítor retornava para casa após mais um dia de trabalho. Ele estava em um vagão do metrô do Rio de Janeiro quando foi agredido sem motivo aparente. A vítima é nordestina e a polícia fala em xenofobia regional.
“Não conhecia o cara, não conhecia a mulher. Não fazia nem ideia se era um casal ou não. (…) Pra mim foi uma coisa sem explicação. O que aconteceu eu sei, agora, o por quê é que tem que ser explicado, tem que ser identificado”, diz Paulo.
“Quando eu levanto eu ainda faço um gesto com as mãos tentando entender o que tinha acontecido. Lógico que a ação gerou uma reação. Quem levantou para me agredir foi o cara, eu tava de cabeça baixa e jamais eu iria esperar uma agressão de surpresa e gratuita como a que eu sofri”.
A delegada Débora Rodrigues, da Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), fala em tentativa de homicídio.
“Eles não se conhecem, ele olha pra vítima e começa a agredir. Ele agrediu tanto… isso é uma tentativa de homicídio. Ele só não morreu por circunstâncias alheias. Ele teve traumatismo craniano, ele tem uma placa no rosto, ele tá com o olho diferente. A troco de que? De nada, não houve nenhuma discussão entre eles, não houve sequer uma troca de palavras”.
Um homem de casaco vermelho se levanta, pega duas bolsas e bate uma delas na cabeça do passageiro de preto, que está na frente dele. Paulo estava mexendo no celular, se levanta e os dois começam a brigar. Ele tenta se defender. Alguns passageiros e a mulher que parecia estar com o agressor tentam ajudá-lo.
Paulo Vítor cai no chão várias vezes. Um dos passageiros, que também está de vermelho, tenta apartar a briga. Em seguida, o agressor sai do metrô. Imagens das câmeras que ficam acopladas no uniforme dos seguranças do metrô registraram a saída na estação. Os funcionários ainda tentam abordar o agressor, mas, alterado, ele deixa o local.
A Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), no Centro, investiga o caso. A suspeita é de xenofobia regional porque Paulo Vítor é nordestino. Até o momento, a polícia não vê outra motivação para o crime. O agressor permanece foragido.
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