Policial grava áudio justificando chacina e diz que "não conseguiria viver" sem a esposa
Nas redes, policial que matou mulher, filhos, mãe e irmão declarava ser 'cidadão de bem' e acumulava várias fotos de apoio a Bolsonaro. Enquanto cometia os crimes, ele gravou áudio para justificar os assassinatos: "Desculpa, família, eu não conseguiria viver sem a Kassiele". Ainda na gravação, Fabiano reclamou do salário: "Vivo financeiramente f****"
Em áudio enviado para um grupo de familiares no WhatsApp, o policial militar Fabiano Júnior Garcia, 37, justificou que cometeu a chacina em Toledo (PR) porque não conseguiria viver sem a esposa, que havia pedido recentemente a separação.
“Família, me desculpa, me desculpa! Mas eu não conseguiria viver sem a Kassiele [esposa]. Ela já não estava mais se importando muito com o jeito que eu lidava com ela. Ela deu a entender que não fazia mais questão de continuar comigo. Então, se é assim, como eu dediquei toda a minha vida pra ela […] desisti de pensar em qualquer outra pessoa, de pular a cerca (sic), pra poder dar atenção e valor pra ela”, disse Fabiano.
“Entrei em um momento de depressão […] me distanciei dela e ela se acostumou com isso. E daí agora ela diz que tanto faz. Então, se tanto faz […] ela diz que não quer mais ficar comigo, que possivelmente vai separar, então… se é assim, eu já estava querendo fazer isso mesmo [matar todo mundo]. Não consigo conviver com a situação da minha mãe lá. Eu vivo financeiramente fodido e alguém ia ter que arcar com as despesas de tudo. Então, pra não deixar peso pra ninguém eu fiz isso”, continuou.
Em seu perfil nas redes sociais, Fabiano Júnior Garcia tinha várias fotos publicadas de apoio ao presidente Jair Bolsonaro (PL). O policial repetia o slogan “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”.
(continua após o áudio)
Entenda o caso
Fabiano matou toda a família e dois desconhecidos na noite desta quinta-feira (14) na região oeste do Paraná. A Polícia confirmou que entre os mortos estão dois filhos do agente, uma enteada, a esposa, a mãe dele, um irmão e outras duas pessoas que estavam na rua. Fabiano estava em processo de separação, mas testemunhas dizem que ele não aceitava o fim do relacionamento.
As vítimas são: Kassiele, esposa, de 28 anos; Miguel, filho, de 4 anos; Kamili, filha, de 9 anos; Amanda, enteada, de 12 anos; Irene, mãe, de 78 anos; Claudiomiro, irmão, de 50 anos; Kaio, desconhecido do PM, de 17 anos e Luiz, desconhecido do PM, de 19 anos.
Fabiano trabalhava no 19º Batalhão de Polícia Militar de Toledo e estava há 12 anos na corporação. A PM disse que o agente trabalhou normalmente na quinta-feira e deixou o plantão por volta das 19h.
O comandante-geral da Polícia Militar, Coronel Hudson Leôncio Teixeira, informou que o agente enviou diversas mensagens para os familiares no intervalo entre as mortes.
A arma utilizada nos crimes era da Polícia Militar do Paraná, que lamentou o caso e disse que Fabiano não tinha registros de problemas psicológicos. O policial cometeu suicídio depois dos assassinatos.
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