Violência

Comerciante que matou três pessoas a tiros é descrito como “pessoa pacata que nunca se envolveu em confusão”

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Comerciante que matou três pessoas a tiros em São Carlos não tinha passagens pela polícia. "Testemunhas o descrevem como alguém que sempre foi muito tranquilo, pacato e que nunca se envolveu em confusão [...] ele começou a ficar depressivo há 3 anos, quando apareceram os problemas financeiros", diz delegado

Raimundo Nonato Martins

O comerciante Raimundo Nonato Martins, de 55 anos, cometeu um triplo homicídio no último domingo (28), no Centro de São Carlos (SP). Ele se apresentou na Delegacia de Investigações Gerais (DIG) acompanhado de um advogado, na noite de segunda-feira (29).

Segundo o delegado João Fernando Baptista, o comerciante conhecia as vítimas e era ex-inquilino de um dos imóveis de Zelma Maria de Oliveira, de 73 anos. O crime teria sido motivado por vingança porque o comerciante teria sido despejado do imóvel após atrasar meses de aluguel e Zelma teria entrado na Justiça para receber a dívida. “Ele [Raimundo Nonato Martins] culpava ela [Zelma Maria de Oliveira] pela ruína dele”, afirmou o delegado.

Na delegacia, o homem entregou o revólver de calibre 38 usado nas execuções e várias munições. Segundo o delegado, ele tinha posse e registro da arma. A Polícia Civil pediu a prisão temporária do comerciante.

O advogado de Martins, Roquelaine Batista dos Santos, afirmou que o cliente tinha posse de arma de fogo e está arrependido. “Ele resolveu se entregar, está muito arrependido do que aconteceu e confessou o delito, apresentou a arma e as roupas que o delegado pediu e está pronto para responder para a justiça”, afirmou o defensor.

Entenda o caso

Raimundo era proprietário de um restaurante por mais de duas décadas e uma pessoa considerada tranquila por quem o conhecia. “Segundo as pessoas que nós estamos ouvindo, o Raimundo sempre foi uma pessoa tranquila, pacata e que nunca se envolveu em confusão. Por ter tido um restaurante na cidade, ele sempre lidou com o público e nunca teve problemas”, diz o delegado.

Ainda de acordo com João Fernando, nos últimos três ou quatro anos, após começar a ter problemas financeiros, Raimundo se tornou uma pessoa quieta e fechada.

“As pessoas relatam que ele começou a ficar depressivo quando o restaurante começou a ter queda no movimento, há quatro anos. Foi nessa época que ele atrasou os pagamentos do aluguel do prédio e Zelma pediu para ele deixar o imóvel”.

Após desocupar o imóvel, Raimundo abriu o restaurante em um novo local – um imóvel também alugado e menor do que anterior. No entanto, ainda com problemas financeiros, ele precisou mudar novamente o endereço e foi para um espaço ainda menor. Mas, durante a pandemia, o estabelecimento comercial fechou definitivamente.

“Ele passava aqui na rua, cumprimentava e conversava normalmente. O restaurante dele era aqui perto, todo mundo o conhecia e ficamos surpresos em saber que ele que matou a Zelma, o João Batista e o Reginaldo. Não dava para desconfiar. Era uma pessoa normal, que tem esposa e família”, conta uma vizinha de Zelma.

No dia do crime, Raimundo foi à casa de João Batista, 77, marido de Zelma, e o matou com um tiro na cabeça. Em seguida, o comerciante foi à casa de Zelma, mas não havia ninguém no local. Raimundo então andou pelo bairro aguardando a empresária. Por volta das 14h30, Zelma chegou em casa acompanhada do motorista Reginaldo. O comerciante rendeu os dois e atirou nas vítimas na cozinha da residência, de acordo com a Polícia.

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