Corretor de imóveis morreu na frente do filho de cinco anos após disparo acidental provocado pelo cunhado de oito. A polícia disse que a arma estava legalmente registrada e carregada com 17 munições. O homem tirou certificado de colecionador após decreto de Bolsonaro que facilitou a posse de arma
Um homem de 27 anos morreu em Jacareí (SP) após um disparo acidental de arma de fogo provocado pelo cunhado, um menino de apenas 8 anos de idade. A tragédia aconteceu quando Wanderson dos Santos pega o filho de 5 anos e o cunhado na escola.
As crianças entraram no automóvel do corretor de imóveis e sentaram no banco de trás. O menino de 8 anos encontrou a arma, começou a manuseá-la e aconteceu o disparo, que atingiu a vítima na cabeça. A polícia disse que a arma estava carregada com 17 munições.
A arma do corretor estava com documentação regular. Wanderson aproveitou os decretos do presidente Jair Bolsonaro que facilitaram o porte e a posse de armas de fogo no Brasil e adquiriu o CAC — certificado de registro para pessoas físicas realizarem atividades de coleção de armas, tiro desportivo e caça.
A esposa alega que os filhos sabiam que o pai tinha a arma, mas ficava em lugares sem acesso. “Ele nunca deixou perto dos meus filhos. As crianças sabiam que a gente tinha, mas ficava escondido. Eu falava para ele que não gostava, que tinha medo, mas ele nunca deixava à vista. Eu não sei o que aconteceu”.
Wanderson dos Santos deixa dois filhos: o de cinco anos, que testemunhou a tragédia, e outro de apenas dois anos de idade. O caso foi registrado como omissão de cautela e morte acidental.
Armas de fogo no Brasil
Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, o número de pessoas com licenças para armas de fogo disparou no governo Jair Bolsonaro (PL) e registrou aumento de 473% em quatro anos.
Em 2018, antes do presidente assumir, havia 117,4 mil registros ativos para caçadores, atiradores e colecionadores, os chamados CACs. Agora o número já chega a 673,8 mil — maior valor da série histórica. Além disso, o anuário mostra que o Brasil tem 2,8 milhões de armas de fogo particulares, um aumento de 39% em relação a 2020.
O governo Bolsonaro editou até o momento 19 decretos, 17 portarias, duas resoluções, três instruções normativas e dois projetos de lei que facilitam as regras para ter acesso a armas e munições no Brasil.
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