Drogas, carro a 145 km/h e saúde mental devastada: o trágico fim de Anne Heche
Anne Heche falou publicamente que esteve mentalmente doente por 31 anos, devido aos abusos sexuais que sofria do próprio pai. Polícia informou que os exames mostraram que a atriz não havia ingerido álcool, mas cocaína e fentanil foram encontrados nas amostras coletadas logo após o acidente
por Alexandre Cavalcante, da coluna Splash
Estrela de filmes como o remake de “Psicose” (1998), “Seis Dias e Sete Noites” (1998) e “Volcano” (1997), a atriz Anne Heche teve sua morte anunciada em 12 de agosto, após ficar em coma devido a um acidente de carro em Los Angeles.
Nascida em 1969, a atriz de 53 anos começou a ser conhecida do grande público no clássico “Eu Sei O Que Vocês Fizeram no Verão Passado” (1997). Em um papel pequeno, mas de bastante impacto, Anne Heche arrancou elogios da crítica e alavancava uma carreira que culminaria em mais de 30 filmes e diversas participações em séries de TV.
Detentora de um Daytime Emmy (os prêmios entregues para a programação diurna das TVs) pelo seu papel em “Another World”, em 1991, e mais recentemente tendo estrelado o policial “Chicago P.D.”, Anne Heche estampou os noticiários com sua morte — cujas circunstâncias tornaram seus últimos dias tão dignos de drama quanto os filmes que estrelava.
Acidente de carro e uma casa destruída
Na tarde de 5 de agosto, Anne dirigia seu Mini Cooper azul em Los Angeles quando o acidente aconteceu. Inicialmente, ela bateu na garagem de um complexo de apartamentos. Moradores tentaram socorrer a atriz, mas ela recusou, deu marcha à ré e acelerou, batendo novamente o carro em uma casa.
Bombeiros socorreram Anne e, segundo o TMZ, pelo menos duas pessoas teriam sido atropeladas por ela. Com o impacto, o carro da atriz pegou fogo e destruiu também a casa onde vivia Linne Mishele. Um vídeo divulgado pelo site mostrou como ficou o imóvel.
Quase 60 bombeiros trabalharam para apagar as chamas. Com o incêndio, Linne perdeu todos os seus pertences e teve ajuda de seus vizinhos, que montaram uma vaquinha virtual para ajudá-la a reconstruir sua vida.
Pelo Instagram, ela lamentou a morte da atriz.
“Sua família, seus amigos e seus filhos, especialmente, realmente sofreram uma grande perda e meu coração está com eles. Toda essa situação é trágica e realmente não há o que dizer. Estou enviando amor para todos os envolvidos”, disse Linne.
Após o acidente, Anne foi levada ao hospital com queimaduras e permaneceu intubada. Dias depois, foi divulgado que ela estava em coma devido a uma lesão no pulmão.
Uso de drogas e saúde mental abalada
A polícia de Los Angeles recebeu um mandado para realizar uma coleta de sangue da atriz e apurar se ela estava sob o efeito de drogas e/ou álcool no momento do acidente. Ao Deadline, a polícia informou que os exames mostraram que Anne não havia ingerido álcool. De acordo com o TMZ, cocaína e fentanil foram encontrados nas amostras, coletadas logo após o acidente.
O fentanil é um opioide comum em Hollywood. Porém, pode ser usado como analgésico em hospitais e, por isso, será investigado se a substância já estava no sangue de Anne antes da batida.
Esse não foi o primeiro incidente com drogas da atriz, que enfrentou questões de saúde mental. Em 2001, ela falou publicamente que esteve mentalmente doente por 31 anos, devido ao abuso sexual que sofria do próprio pai: ela acreditava ter outra identidade, Celestia, e que conseguia falar com os mortos.
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Em 2000, Anne havia acabado de anunciar o fim do seu badalado namoro com a apresentadora Ellen DeGeneres e parou seu carro em uma rodovia em Fresno, na Califórnia. Parecendo perdida, ela deixou o veículo e bateu à porta de uma estranha, a estudante Araceli Campiz, que percebeu rapidamente que algo estava errado com a atriz.
“Ela queria assistir a um filme, mas meu aparelho de videocassete estava quebrado”, contou a jovem à People, na época.
Araceli ligou para a polícia que, ao perceber o estado de Anne, entrou em contato com uma emergência. À época, fontes que trabalhavam no hospital afirmaram ao jornal Fresno Bee que o comportamento estranho da atriz estava ligado a ecstasy e ela parecia estar tendo uma overdose.
Um ano depois, a própria Anne confirmou que havia usado ecstasy naquela ocasião, mas que não usava drogas constantemente.
“Eu ouvi que deveria ir para um lugar onde encontraria uma nave espacial. Eu ouvi que, para entrar na nave espacial, eu deveria tomar ecstasy. Fresno foi a culminação de uma jornada e de um mundo do qual eu pensei que precisava escapar para poder encontrar o amor”, disse Anne Heche, em entrevista a Barbara Walters.
Velocidade (muito) acima da média
A presença de drogas no sangue de Anne não foi o único ponto apontado pela investigação. De acordo com o Daily Mail, que contou ter tido acesso ao laudo pericial, o carro da atriz estava a 145 km/h no momento da batida.
Na Califórnia, de uma forma geral, o limite de velocidade nas estradas com pistas é de 105km/h, podendo chegar a 112 km/h em algumas. Já em rodovias, esse número cai para 89 km/h, em ruas das cidades para 55 km/h e em áreas residenciais para 40 km/h.
A garagem do complexo de apartamentos e a casa atingida por Anne se encontram no bairro residencial de Mar Vista, em Los Angeles, o que torna o veículo de Anne mais de 100km/h acima do permitido.
A Fox News revelou mais sobre os primeiros momentos após a colisão. Segundo a emissora, a pessoa que ligou para procurar ajuda relatou que “um carro acabou de entrar na casa da minha vizinha” e estava dentro de um quarto.
“Parece que alguém está abrindo a parte de trás [do veículo] para ver se podemos acessar, porque eles estão meio presos na porta da frente. Alguém está preso dentro do carro!”, disse a pessoa.
Momentos depois da ligação, o incêndio começou com Anne ainda dentro do veículo.
Ao final do áudio, o membro da polícia ressalta: “Eu consigo tirar o motorista do carro, nós conseguimos, mas preciso que você esteja em um local seguro. Não se coloque em uma situação de risco”.
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O Daily Mail relatou ainda que imagens de câmeras de segurança mostram Anne em alta velocidade na rua momentos antes do impacto.
Morte cerebral e órgãos para oito pessoas
Após uma semana em coma, a morte de Anne foi anunciada oficialmente pela família em 12 de agosto. Na véspera, o prognóstico não era promissor.
Ao TMZ, um comunicado na véspera do anúncio que: “Infelizmente, devido ao acidente, Anne Heche sofreu uma grave lesão cerebral anóxica e permanece em coma, em estado crítico. Ela não deve sobreviver”.
Ao confirmar a morte, a família disse que Anne estava sendo mantida por aparelhos para que os órgãos fossem doados, mas que o quadro já era irreversível. Os aparelhos foram desligados três dias depois, na segunda (15). Segundo o TMZ, oito pessoas receberam os órgãos da atriz.
A causa oficial da morte de Anne foi divulgada pelo The Hollywood Reporter na quarta (17). Segundo o legista responsável pela autópsia, ela morreu de “inalação e lesões térmicas”. O documento também lista “fratura do esterno devido a trauma contuso” como o que é chamado de “condição significativa” em sua morte.
O parecer considera o óbito da atriz como acidental e estabelece como a data de falecimento o dia 11 de agosto — quando a morte cerebral foi constatada pelos médicos.
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Em 2017, durante a divulgação do filme “A Última Palavra”, Anne contou que após sua morte, gostaria de ser lembrada como alguém que fez os filhos felizes.
A mãe de Homer Laffoon, 20, e Atlas Heche Tupper, 13 teve, porém, uma morte que será lembrada também pelos muitos desdobramentos e pelo tom trágico do acidente que a vitimou.
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