Redação Pragmatismo
Barbárie 27/Set/2022 às 13:13 COMENTÁRIOS
Barbárie

Atirador de 14 anos que matou aluna cadeirante usou arma do pai, que é PM

Publicado em 27 Set, 2022 às 13h13

Adolescente de 14 anos que abriu fogo em escola cívico-militar usou arma do pai, que é PM. O atirador avisou sobre o ataque 4 horas antes por meio de suas redes sociais. Tragédia só não foi maior porque a arma falhou duas vezes durante o atentado, possibilitando que os alunos fugissem. A aluna cadeirante não conseguiu escapar. Segundo a investigação, o jovem lamentava o fato de ter se mudado para a Bahia e tinha postagens de ódio contra o Nordeste

adolescente escola Bahia

O adolescente de 14 anos que matou uma aluna cadeirante a tiros e golpes de faca na manhã desta segunda-feira (26) em uma escola cívico-militar de Barreiras (BA) utilizou a arma do pai, um policial militar.

O revólver, calibre 38, estava carregado com seis balas e, segundo o PM, teria sido encontrado pelo jovem debaixo do colchão, onde o pai costumava guardá-lo. De acordo com a Polícia Civil, ele entrou pelo portão principal como os demais alunos, embora estivesse sem uniforme — o jovem trajava roupas pretas e capuz.

Horas antes de cometer o crime, o adolescente passou em frente à unidade de ensino. Ele havia avisado sobre o ataque quatro horas antes por meio de uma publicação feita em seu perfil no Twitter, que foi banido da plataforma com a repercussão do caso.

“Irá acontecer daqui 4 horas e eu tô bem de boa. Estou tão calmo, nem parece que irei aparecer em todos os jornais, já estou com tudo comigo, agora é só esperar. Tudo pode acontecer nas próximas horas”, disse.

Quando chegou à entrada principal do Colégio Municipal Eurides Sant’Anna, por volta das 7h20, o atirador já empunhava a arma. Um guarda da unidade de ensino percebeu a entrada dele e correu para buscar ajuda, já que um disparo foi feito em sua direção.

No momento do ataque, pelo menos 40 dos cerca de 400 alunos que estudam no período matutino estavam na quadra de esportes em guarda, já que o colégio tem gestão compartilhada com a Polícia Militar. A arma do atirador falhou duas vezes, possibilitando que os adolescentes corressem e buscassem abrigo nos fundos da quadra ou na rua. A cadeirante Geane da Silva Brito, de 19 anos, estava no pátio e foi baleada e atingida com golpes de faca.

Segundo o delegado Rivaldo Almeida Luz, que ouviu o pai do menor ontem, o policial militar afirmou que escondia a arma e que o jovem não tinha acesso a ela. O adolescente foi descrito pelos familiares como um garoto tranquilo, porém bastante introspectivo.

Sem amigos, ele lamentava o fato de ter se mudado para Bahia e deixou isso claro ao postar em suas redes sociais discursos de ódio contra a cidade de Barreiras e a Região Nordeste do Brasil. O delegado não informou de qual região do Brasil a família veio.

“O pai disse que guardava a arma debaixo do colchão de uma cama e que o garoto não tinha acesso, mas não acredito nessa versão. Ele é um garoto bastante introspectivo que, nos últimos meses, passou a ficar muito tempo nas redes sociais. Os pais não sabiam os tipos de conteúdos que ele consumia na internet”, disse Luz

O colégio não tem câmeras de segurança, mas os investigadores buscam imagens de residências vizinhas. As aulas foram suspensas até o dia 3 de outubro. O atirador estava matriculado na escola, mas acumulava faltas.

O adolescente também foi baleado durante o crime. O tenente-coronel Fábio Santana, da Polícia Militar, afirma que os policiais que trabalham na escola estavam desarmados e que os tiros que acertaram o menor possivelmente partiu de uma pessoa que passava nas imediações no momento do ataque. Ela ainda não foi identificada.

O jovem foi socorrido por uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e encaminhado para o Hospital Geral do Oeste. Ele passou por uma cirurgia e o quadro de saúde é considerado estável.

Manifesto de ódio de 29 páginas

No manifesto de ódio de 29 páginas publicado nas redes, o adolescente dizia se sentir superior e clamava pela supremacia racial. “Desde pequeno sentia-me superior aos demais, alimentava nojo e ódio de grupos do meu convívio, simplesmente não aceitava estar no mesmo lugar que eles”, ele é natural de Brasília e tinha se mudado para Bahia a pouco tempo. “Sentia que merecia mais, ou eles mereciam menos, o que importava era estar por cima”.

“A cada dia que vou à escola, sinto-me subjugado, se (sic) misturar com eles é nojento, é estupidamente grotesco, sinto ânsia de vômito quando um deles me tocam (sic). Sou puro em essência, mereço mais que isso, sou sancto”, disse.

“Saí da capital do Brasil para o merdeste (sic), e nunca pensei que aqui fosse tão repugnante. Lésbicas, gays e marginais aos montes acham que são dignos de me conhecer e de conhecer minha santidade. Os farei clamar pela minha misericórdia, sentirão a ira divina”.

com informações da agência estado

→ SE VOCÊ CHEGOU ATÉ AQUI… considere ajudar o Pragmatismo a continuar com o trabalho que realiza há 13 anos, alcançando milhões de pessoas. O nosso jornalismo sempre incomodou muita gente, mas as tentativas de silenciamento se tornaram maiores a partir da chegada de Jair Bolsonaro ao poder. Por isso, nunca fez tanto sentido pedir o seu apoio. Qualquer contribuição é importante e ajuda a manter a equipe, a estrutura e a liberdade de expressão. Clique aqui e apoie!

Recomendações

COMENTÁRIOS