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ELEIÇÕES 2022 06/Set/2022 às 13:00 COMENTÁRIOS
ELEIÇÕES 2022

Bolsonaro alcançou o teto? Nova pesquisa Ipec preocupa a campanha pela reeleição

Publicado em 06 Set, 2022 às 13h00

Lula avançou entre quem possui renda familiar mensal de até um salário mínimo. Isso significa que a engorda do valor do Auxílio Brasil não surtiu, até agora, o efeito desejado pelo bolsonarismo. Parece ter funcionado a mensagem de que o benefício é uma medida eleitoreira que tem hora para acabar

Bolsonaro alcançou teto Nova pesquisa Ipec preocupa campanha reeleição
Imagem: Jonne Roriz | Getty

Matheus Pichonelli, Yahoo

Ninguém sobe, ninguém desce.

A pesquisa Ipec divulgada na segunda-feira (5) mostra que os candidatos à Presidência esbarram em um teto coletivo de intenções de voto a menos de um mês da eleição.

O ex-presidente Lula (PT) segue com 44%. Jair Bolsonaro (PL) oscilou um ponto para baixo e agora tem 31%.

Após uma semana de exposições —com propaganda da TV, entrevistas e cobertura midiática — os candidatos a candidatos da “terceira via” estacionaram. Junto, o batalhão não chega a 15% das citações – Ciro Gomes (PDT) oscilou um ponto para baixo em relação à pesquisa Ipec divulgada em 29 de agosto e agora soma 7%; Simone Tebet (MDB) tem 4%. Soraya Thronicke (União Brasil) e Felipe D’Ávila têm 1% cada.

Em outras palavras: o esperado crescimento dos candidatos do pelotão de trás não aconteceu.

Nenhum deles a essa altura vislumbra cavar uma vaga no segundo turno, mas em conjunto conseguem, por enquanto, evitar que as eleições acabem em 2 de outubro.

A aposta de Lula para atrair o apoio dos que dividem a encurtada pista da terceira via também não aconteceu. Estes devem esperar até a véspera da eleição para decidir se aderem ou não ao voto útil.

Na reta final da campanha, Bolsonaro mostra dificuldade para ampliar o arco de eleitores para além de sua base. Apesar da artilharia contra o principal adversário –alvo de fake news relacionadas a fechamento de igrejas espalhadas por seu filho, Eduardo Bolsonaro (PL-SP), e contestadas na Justiça Eleitoral – o presidente ainda é o postulante com maior índice de rejeição da disputa (49%). Lula vem logo atrás, com 36%.

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A rejeição ao presidente é maior do que a de seu governo (43% de ruim ou péssimo, segundo o Ipec), e é medida no momento de boas notícias na economia e outras nem tanto para sua campanha.

Uma delas foi a revelação, publicada no portal Uol, que familiares do presidente pagaram R$ 26 milhões em dinheiro vivo (em valores atualizados) para a aquisição de 51 imóveis. A notícia freou o discurso anticorrupção que Bolsonaro tentava colocar na roda.

Que tipo de ‘homem do povo’ anda com milhões em dinheiro vivo para comprar imóveis?

Bolsonaro também se saiu mal no debate da TV Bandeirantes, no domingo retrasado, quando perdeu a estribeira durante uma pergunta e atacou a jornalista Vera Magalhães e a candidata Simone Tebet. O episódio fez rolar morro abaixo a bola de pedra para a construção do mito de candidato amigo das eleitoras.

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Resultado: se o atual presidente mantém os 36% de apoio dos homens ouvidos pelo Ipec, entre as mulheres ele caiu de 29% para 26%.

Lula avançou, dentro da margem de erro, entre quem possui renda familiar mensal de até um salário mínimo (de 54% para 56%).

Isso significa que a engorda do valor do Auxílio Brasil não surtiu, até aqui, o efeito desejado pelo atual presidente. Ou que tem funcionado o sistema de defesa petista ao martelar a mensagem de que o benefício, sob o atual presidente, é uma medida eleitoreira que tem hora para acabar.

O retrato apontado pelo Ipec evidencia o dilema, se houver, do capitão às vésperas do 7 de Setembro, quando tenta alinhar os já tradicionais atos em defesa da pauta bolsonarista aos desfiles militares em comemoração ao bicentenário da Independência.

Os atos devem servir de palanque para o lançamento de uma série de petardos em direção a todos os inimigos, reais e imaginários, que aponta como responsáveis pelas mazelas do país. É a chance para convencer parte dos eleitores seguirem mobilizados para evitar a vitória de Lula, a quem não faltará xingamentos, no primeiro turno.

O risco é mirar no que vê e acertar no que não vê.

Se ele radicalizar o discurso, pode afastar de vez os candidatos de centro que tenta cooptar com a fantasia de candidato simpático e nada revoltado montado para a propaganda da TV.

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