ELEIÇÕES 2022

Ciro critica Caetano e Tico Santa Cruz por declararem voto em Lula: “Estão com a vida ganha”

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Ciro Gomes reclamou de Tico e Caetano Veloso por abandonarem a sua candidatura e aderirem à campanha pelo voto útil: "Pessoas que já estão com a vida ganha e não têm preocupações maiores com o dia seguinte". Ciro afirmou ainda que o Brasil hoje sofre com o "fascismo de esquerda" que ele diz ser "liderado pelo PT"

Caetano, Tico e Ciro em 2018 (reprodução)

Ciro Gomes (PDT) está cada vez mais inconformado com a desidratação da sua candidatura à Presidência da República. O ex-ministro agora reclama de nomes famosos que o apoiavam e agora declararam voto em Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Um dos principais cabos eleitorais de Ciro Gomes nas redes sociais na atual disputa, Tico Santa Cruz declarou recentemente ter aderido à campanha pelo voto útil. Dias antes, Caetano Veloso já havia se manifestado no mesmo sentido.

Em entrevista ao Estadão, Ciro lamentou que os músicos tenham optado por votar em Lula já no primeiro turno e disparou: “São pessoas que já estão com a vida ganha e não têm preocupações maiores com o dia seguinte”.

“A razão [desses eleitores] não é o Lula, nem a proposta do Lula, nem o dia seguinte. É o voto Caetano Veloso, voto Tico Santa Cruz, [que são] boas pessoas, mas que todos estão lá com a vida ganha. Quem está preocupado com o dia seguinte é quem não tem plano de saúde, é quem não tem como pagar mensalidade escolar, é quem está submetido ao terrorismo das facções criminosas nas periferias”, afirmou.

Ciro Gomes disse que o Brasil hoje sofre com o “fascismo de direita”, mas também com o “fascismo de esquerda”, que ele diz ser “liderado pelo PT”. O ex-ministro acusa seus adversários de quererem “simplificar de uma forma absolutamente dramática o debate e querem simplesmente aniquilar alternativas”, o que ele destacou ser “uma tragédia para o Brasil”.

Defensor do projeto de governo de Ciro Gomes, Tico Santa Cruz defendeu o voto útil em Lula por compreender que o ex-ministro “não tem chances” de ir para o segundo turno. “É necessário dar fim a esse regime de ódio e sofrimento. Resolver no primeiro turno. O voto útil no Lula é o caminho para encerrar esse ciclo de tragédias”.

Já Caetano Veloso ponderou que, embora “racionalmente falando” seu candidato seja o pedetista, ele vai votar Lula já no primeiro turno. “Reconheço sempre a importância de Lula, o histórico dele. Votei nele chorando a primeira vez em que ele se elegeu. A primeira vez que votei em Lula foi contra Collor. Agora, sinceramente, mesmo a gente adorando o Ciro, acho que o negócio é Lula”.

Cresce movimento em torno de Lula

Intelectuais e políticos proeminentes da América Latina divulgaram uma carta aberta em que pedem que Ciro Gomes abra mão de sua candidatura em prol de uma eventual vitória de Luiz Inácio Lula da Silva no primeiro turno.

Os signatários dizem que a saída do pedetista do pleito é necessária para “evitar” uma possível reeleição de Jair Bolsonaro. Embora reconheçam a importância de Ciro para a política brasileira, eles dizem ser “incompreensível” que, no atual cenário, o candidato mantenha “insistência em apresentar sua candidatura presidencial”.

Além dos políticos latino-americanos, membros e ex-integrantes do PDT também lançaram manifesto contra a chapa composta por Ciro e Ana Paula Matos. Os ex-aliados acusam o pedetista de polarizar as eleições ao adotar “uma postura de ex-companheiro de trincheira”, e defendem voto útil em Lula.

No manifesto, filiados e ex-filiados ao PDT lembram que até 2018 Ciro “reconhecia o legado dos governos democrático-populares de Lula e Dilma Rousseff”, com “significativa melhoria” no poder de compra do trabalhador brasileiro. No entanto, devido a impossibilidade de formar uma aliança com o PT no pleito presidencial daquele ano, em prol da candidatura pedetista ao Planalto, o ex-ministro passou “a adotar um tom mais iracundo contra a base petista”.

Em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, um dos fundadores do PDT, Carlos Roberto Siqueira Castro, que integrou o gabinete do segundo mandato de Brizola como governador do Rio de Janeiro, confirmou a posição. De acordo com Siqueira, o PSDB e o MDB, que apoiam hoje Simone Tebet (MDB) também deveriam compor a frente em torno de Lula. “O divisionismo dentro das forças democráticas apenas contribui para Bolsonaro, que é uma hecatombe na vida brasileira”, afirma. “O próprio MDB e PSDB deveriam tentar se unir e apoiar Lula nessa eleição para encerrar essa tragédia.

Outra pedetista histórica que declara apoio a Lula é a radialista Cidinha Campos. Deputada estadual pelo Rio até 2018, ela reforçou que o que está em jogo é a democracia e o Brasil. “Bolsonaro disse que se não vencer no primeiro turno com mais de 60% dos votos, algo de anormal terá acontecido no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Estou cansada disso. Chegou a hora da decisão. Não dá mais para você ficar falando de candidatos como se houvesse real competição”, disse.

“Não são todos que estão no páreo. São dois. Ciro está fora. Os candidatos são Bolsonaro e Lula. Não adianta eu ficar dizendo que sou Ciro. Prezo muito meu partido. Estou no PDT há mais de 40 anos. Mas não posso. Gosto do meu partido, mas coloco meu país acima. Por isso, declaro meu voto a presidente. Eu vou votar no Lula.”

Pesquisa Ipec para presidente da República divulgada nesta semana mostrou que Lula segue liderando a disputa pela Presidência da República, com 47% das intenções de voto, enquanto Bolsonaro segue estável com 31%. Considerando apenas os votos válidos, Lula teria 52% dos votos e seria eleito no primeiro turno. Ciro aparece com apenas 7% e corre o risco de ser ultrapassado por Simone Tebet, que tem 5%.

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