Redação Pragmatismo
Europa 27/Set/2022 às 14:52 COMENTÁRIOS
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Extrema-direita fascista vence eleições na Itália pela primeira vez desde 1945

Publicado em 27 Set, 2022 às 14h52

Pela primeira vez desde 1945, um partido que tem origem no fascismo de Benito Mussolini irá governar a Itália. A vitória de uma líder antieuropeia e nacionalista levanta muitas questões, inclusive em relação à União Europeia

Extrema-direita fascista vence eleições na Itália pela primeira vez desde Mussolini
Giorgia Meloni (Imagem: welingelichtekringen)

RFI

A extrema direita conquistou neste domingo (25) o poder na Itália, a terceira maior economia da União Europeia, com uma vitória histórica do partido de Giorgia Meloni nas eleições legislativas do país. Pela primeira vez desde 1945, o país está prestes a ser governado por uma liderança pós-fascista.

O partido Irmãos da Itália, liderado por Giorgia Meloni, consolidou-se como maior força política neste domingo nas eleições no país, com 26% dos votos. O resultado é sem precedentes desde o fim da Segunda Guerra Mundial.

“Se fomos escolhidos para governar este país, nós o faremos por todos os italianos, com a vontade de unir o povo e de nos concentrarmos naquilo que nos une, e não naquilo que nos divide”, disse, em um discurso logo após o anúncio dos resultados. “Chegou a hora da responsabilidade”.

A aliança de direita dirigida pelo partido de Meloni teve, no total, mais de 43% dos votos, além da maioria na Câmara dos Deputados e no Senado. A coalizão é formada pelos aliados de extrema direita do partido Liga, de Matteo Salvini, e Força Itália, do conservador Silvio Berlusconi, que tiveram, respectivamente, 9% e 8% dos votos.

O nascimento e o desenvolvimento do Fascismo

Pela primeira vez desde 1945, um partido que tem origem na tradição neofascista irá governar a Itália. “Temos uma vantagem clara, tanto na Câmara dos Deputados quanto no Senado”, comemorou Salvini no Twitter.

O Partido Democrático (PD), principal formação de esquerda, não conseguiu mobilizar o eleitorado para frear o avanço da extrema direita e teve 19% dos votos.

Já os antissistema do Movimento 5 Estrelas (M5E) obtiveram cerca de 17% dos votos, abaixo da pontuação histórica de mais de 30% alcançada em 2018, porém acima do que apontavam as pesquisas de opinião.

“Segundo as pesquisas de boca de urna, trata-se de um resultado histórico. A coalizão de direita obteria a maior porcentagem de votos registrada por partidos de direita na Europa ocidental desde 1945”, afirma o centro de estudos italianos Cise.

Ascensão vertiginosa

A ascensão vertiginosa de Giorgia Meloni se deve em grande parte ao fato de ela ter sido a única que se opôs ao governo do economista Mario Draghi por 18 meses, que sofreu um desgaste provocado pela inflação, a guerra e as restrições durante a pandemia.

Fundada no fim de 2012 com ex-apoiadores de Berlusconi e figuras da direita neofascista, a formação superou o Partido Democrático (PD), de Enrico Letta, que concordou apenas com uma aliança com um pequeno setor da esquerda ambientalista.

A líder pós-fascista, de 45 anos, admiradora durante sua juventude de Benito Mussolini e conhecida por sua linguagem direta e eficaz desde seus anos como líder estudantil em Roma, será a primeira mulher a liderar o governo na Itália.

Juntamente com seus aliados, ela promete cortar impostos e bloquear imigrantes que cruzam o Mar Mediterrâneo, além de uma política familiar ambiciosa para aumentar a taxa de natalidade em um dos países com mais idosos no mundo.

Eurocética

A vitória de uma líder antieuropeia e nacionalista levanta muitas questões, inclusive em relação à União Europeia. Giorgia defende a revisão de seus tratados e até a sua substituição por uma “confederação de Estados soberanos”. “Todos na Europa estão preocupados com Giorgia Meloni no governo. Acabou a festa, a Itália vai começar a defender seus interesses próprios”, advertiu.

A representante do pós-fascismo, que não tem medo de defender uma direita “pura e dura”, identifica-se com o lema “Deus, pátria e família” e promete lutar contra os grupos de pressão gay e as “teorias de gênero”.

A vencedora das eleições terá um papel primordial para o eixo da extrema direita radical na Europa, que passa por Suécia, Polônia e Hungria. “Precisamos mais do que nunca de amigos que compartilhem uma visão e uma abordagem comuns da Europa”, reagiu um porta-voz do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán.

Fascismo: usos e abusos

O governo que sair das eleições tomará posse no fim de outubro e terá um caminho cheio de obstáculos e sem muita margem de manobra. Terá que administrar a crise causada pela inflação galopante, enquanto a Itália já está à beira de um colapso com uma dívida que representa 150% do PIB, a mais alta da zona do euro, atrás da Grécia.

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