Ganhador da Mega-Sena vivia em casa simples e não ostentava luxo
Ganhador da Mega-Sena sequestrado e assassinado vivia em casa simples e não ostentava luxo. Jonas Lucas Alves Dias não escondia que havia ganhado R$ 47,1 milhões na loteria. Homem gostava de pescar e tomar cerveja nos bares do bairro onde nasceu
O ganhador da Mega-Sena, que foi assassinado nesta quarta-feira (14) no interior de São Paulo, continuou morando na mesma casa e não escondia que havia se tornado milionário. Segundo a delegada da Divisão de Investigações Criminais (DEIC) de Piracicaba, Juliana Ricci, quem cometeu o assassinato “com certeza sabia que ele tinha muito dinheiro”.
Apesar de ter faturado R$ 47,1 milhões com uma aposta de seis números, em setembro de 2020, Jonas Lucas Alves Dias não exibia itens de luxo e morava em uma casa modesta, no bairro Jardim Rosolém, em Hortolândia (SP).
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O milionário era uma pessoa simples e leva uma vida “normal”, relatou um vizinho, que preferiu não ser identificado. “Nunca vi ele ostentando nada. A gente sabia que ele tinha ganhado na Mega-Sena de um comentar com o outro”, disse.
Segundo a família, a vítima tinha por hábito sair para caminhar todas as manhãs, mas não havia voltado, como de costume.
Jonas não costumava usar o celular e, normalmente, ele saia de casa sem o aparelho, mas existe um celular, que supostamente era dele e que foi apresentado pela família e apreendido para investigações.
Apesar dos quase dois metros de altura, Jonas era conhecido na cidade como Luquinhas, por ser o mais novo de três irmãos. Mesmo depois de ganhar o prêmio, há dois anos, ele manteve a rotina e os interesses de antes. Gostava de pescar, de jogar em máquinas caça-níquel e tomar uma cerveja com amigos nos bares do bairro onde cresceu, o Jardim Rosolém.
O advogado Alessandro Henrique de Oliveira, de 45 anos, conhecia Jonas havia pelo menos 20 anos. Os dois cresceram em bairros vizinhos e costumavam frequentar os mesmos bares, em especial um conhecido como bar do Milhão. Oliveira conta que ele era tão simples que não raro andava descalço pela rua.
“A gente perguntava: ‘Cadê seu chinelo?’. E ele dizia: ‘Ah, saí de casa descalço mesmo’. Ele tinha esse tique, falava um ‘ah’ antes das frases, como se não estivesse ligando muito”, lembrou.
Jonas Lucas não era casado e mantinha sua vida pessoal reservada. Oliveira diz que nunca o viu se relacionar com ninguém. Os pais já eram falecidos. Sua família se resumia a um irmão e uma irmã e um sobrinho sobre o qual sempre falava.
Quando ganhou o prêmio, a notícia de que um morador de Hortolândia havia sido o beneficiário se espalhou rápido pela cidade. Oliveira lembra que, no final de semana seguinte, encontrou o amigo no bar, que havia deixado muitas caixas de cerveja pagas para os companheiros. Ao que ele brincou: “Foi você quem ganhou o prêmio?”. E ele colocou o dedo na boca pedindo discrição: “Shhh”.
Depois da Mega-Sena, diz Oliveira, Jonas reformou a mesma casa onde morou a vida toda, comprou um pesqueiro que transformou em sítio e três carros: um Fiat Toro, uma Chevrolet Veraneio antiga e um jipe. Também ajudou os dois irmãos e um ex-chefe com dinheiro e comprou uma casa para um amigo.
O pesqueiro que transformou em sítio se tornou ponto de encontro dos amigos, segundo Oliveira. Aos finais de semana, saíam “excursões” para a cidade de Conchas, onde fica a propriedade. Oliveira conta que sempre o alertava sobre a sua segurança, falava para ele como era perigoso ficar andando pelo bairro. Mas ele não parecia se importar.
“Eu brincava: ‘se fosse você, já estaria na Europa. E ele dizia: ‘Fazer o que lá, nem inglês eu sei falar”, disse Oliveira.
O crime
Jonas Lucas Alves Dias foi encontrado morto às margens da Rodovia dos Bandeirantes (SP-101), em Hortolândia, interior de São Paulo, nesta quarta-feira (14). Ele foi o ganhador de uma aposta de R$ 47,1 milhões há pouco mais de dois anos.
A vítima teve aproximadamente R$ 20 mil retirados de sua conta bancária por meio de transferências bancárias e via PIX na última terça (13), na cidade de Monte Mor. Além disso, uma transferência de R$ 3 milhões foi negada pelo banco da vítima. O cartão de débito de Jonas também foi levado pelos suspeitos, que ainda não foram identificados
Segundo o boletim de ocorrência, a vítima tinha sinais de espancamento quando foi encontrado na Rodovia dos Bandeirantes (SP-348). Ele chegou a ser socorrido, mas faleceu no Hospital e Maternidade Municipal Governador Mario Covas. O laudo do Instituto Médico Legal (IML) de Americana, aponta que a causa da morte do homem, de 55 anos, foi traumatismo craniano.
Investigação
A Polícia Civil, que é responsável pelas investigações da morte de Jonas Lucas Alves Dias, ganhador de Mega-Sena em 2020, disse que acredita que o crime se trata de um latrocínio, mas que nenhuma outra linha de investigação foi descartada, e que a investigação segue em sigilo.
A Delegada da Divisão de Investigações Criminais (DEIC) de Piracicaba, Juliana Ricci, disse que existem imagens de câmeras de segurança que podem ajudar a chegar aos suspeitos e que busca mais imagens. Essas gravações não foram divulgadas para não interferir na investigação.
Segundo a Delegada, certamente, quem cometeu o crime sabia que Jonas tinha muito dinheiro, mas não especificamente que o dinheiro havia sido ganhado na Mega-Sena.
As informações sobre as movimentações na conta de Jonas estão sendo providenciadas pela gerência do banco e o valor total transferido ainda está sendo apurado.
Com Band e Globo
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